PLANETA DO FUTEBOL - A observação dos dados nos jogos da Bundesliga pode dar indicações do que poderá ser o jogo (e factores decisivos) na Liga portuguesa.
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1 - Os dados técnico-tácticos saídos dos jogos já disputados no regresso da Bundesliga à porta fechada são um bom indiciador para projetarmos o que poderá suceder no nosso campeonato quando voltar. Apesar das diferenças competitivas por natureza entre uma Liga e outra, existe, com as devidas proporções, um padrão de comportamento nos jogos que pode indiciar uma tendência.
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Há dias escrevi que vendo estes jogos sem incentivo do público (quase como treinos) disputados num ritmo mais lento, seriam as equipas que apresentassem nível de intensidade e agressividade competitiva mais alta a marcar a diferença/vantagem. Agora, com estes dados, fica pendente a questão de também (ou ao invés) poder ser decisivo outro factor, se nenhuma equipa tiver uma demonstração clara de superioridade naqueles itens referidos.
2 - Na Bundesliga, apesar da aparência mais sonolenta dos jogos, os dados não registam baixa ao nível de lances divididos, duelos pela bola e tackles. Esta manutenção de agressividade convive, porém, com um ritmo mais baixo de jogo no sentido de menor intensidade (este último ponto pode ser identificado na menor presença constante em cima da bola por parte do adversário, nos chamados encurtamentos de espaços). Ora, tendo o portador da bola mais tempo e espaço para a ter, emerge outro factor a poder decidir: a técnica individual.
Na Bundesliga, apesar da aparência mais sonolenta dos jogos, os dados não registam baixa ao nível de lances divididos, duelos pela bola e tackles
É por isto que entendo ser natural que, apesar de manterem-se níveis altos nos duelos e carrinhos, outro factor (de outro tipo de jogo) como é o da qualidade do passe, também tenha aumentado consideravelmente.
Na mesma linha de raciocínio, havendo menor intensidade de pressão colectiva (diferente de duelos) existem menos perdas de bola. É essa ausência de pressão e menos movimentação que leva a mais passes para trás (porque quando se olha para a frente vê-se a organização defensiva adversária bem posicionada, à espera).
3 Fazendo um "transfer" destes dados do jogo alemão para o português, por natureza já menos agressivo e intenso, é tentador pensar nos nossos jogos terem a sua decisão entregue a quem conseguir desequilibrar no gesto individual do último passe, remate ou marcação de bolas paradas, sem descurar, naturalmente, a construção de jogo em ataque posicional, algo em que quer FC Porto quer Benfica tinham mostrado necessidade de melhorar quando o campeonato parou. Aqui está, portanto, um bom ponto de princípio de debate para o que, afinal, poderá ser a melhor expressão de jogo para (se a baixa de intensidade se confirmar tanto) ganhar no habitat competitivo da porta fechada após muito tempo de paragem: a técnica e o melhor jogo posicional.