HÁ BOLA EM MARTE - Opinião de Gil Nunes
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“Fiz um trabalho muito mau”, disse o treinador do Benfica no final do jogo frente à Real Sociedad. O contrário de tudo. Manda o bom senso que, no meio da crise, a melhor coisa que pode aparecer é um farol a indicar o caminho da recuperação. Da terra prometida. E levar a situação a sério: porque os jogos mais importantes são frente ao FC Porto, mas afinal eu, Schmidt, estou a brincar. Mas afinal é cada jogo uma final, ou não é bem assim?
Schmidt é um mau comunicador e os sinais já vêm da temporada passada, quando venceu o Estoril após perder três jogos e empatar um. Segundo ele, veio o alívio, como se numa equipa grande não fosse natural dar a volta por cima. Num Benfica que muda para um desenho de três centrais sem, à partida, ter nenhum suporte prévio de teste, o problema agudiza-se: à falta de identidade em campo juntam-se palavras soltas. E quando não há rumo, nada feito.
Florentino Luís: o contexto
A questão da falta de rendimento é conceptual: Enzo era o complemento perfeito para Florentino. Já Kokçu é um bom jogador, mas não encaixa tão bem nos seus atributos. E há a ascensão de João Neves pelo meio, pelo que se impõe o fator treinador para encaixar todos no xadrez. Ou não. Seja como for, foram duas falhas individuais graves: estava a marcar Merino no lance do golo inaugural e, logo depois, passe non-sense para zona proibida.
St. Juste: real reforço
No lance do primeiro golo diante do Raków, recuperou na linha defensiva, acelerou e, num espaço de poucos segundos, já estava do lado esquerdo da área contrária a fazer o drible para finalizar. Muito mais do que um central e dotado de velocidade de ponta, a estabilização de St. Juste é a melhor notícia que Rúben Amorim podia ter. Central de grande classe, pode até ocupar várias posições no terreno, tal como fez na temporada passada.
Rafik Guitane: golo “à Edwards”
É verdade: o Estoril tem equipa para mais. Para a Europa. Destaque para dois esquerdinos - Holsgrove e Guitane - que têm apresentado uma tremenda capacidade de desequilíbrio. E que promovem o desenvolvimento indireto de Rodrigo Gomes. Sobre Guitane, com níveis de confiança em alta transforma-se num elemento acima da média. Muito hábil no um contra um, marcou um golaço diante do Casa Pia e esteve nos principais lances de perigo.
Bruma na Seleção
Martínez tem sido coerente: como pretende que a Seleção jogue de diversas formas, não pode haver espaço para grandes mudanças. Mas há sempre imponderáveis. Pedro Neto saiu e esta é a oportunidade para Bruma provar que é uma opção melhor. O mesmo raciocínio aplica-se a Pedro Gonçalves: top, mas em lista de espera.