Braga começou nos Açores com um onze ultra ambicioso e acabou com cinco defesas, dois médios de cobertura e um empate que é a soma lógica dessas duas caras
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Na longínqua temporada de 2019/20, no tempo em que os animais não falavam e só havia três substituições no futebol, o Braga perdeu 3-2 com o Santa Clara.
A vitória escapou na mesma ao Braga e restou (mais uma vez) a impressão de um jogo em que o excesso de mexidas confundiu mais do que ajudou.
Como ontem, o golo decisivo chegou no tempo de compensação, por Carlos Júnior. O treinador era Custódio, não Carlos Carvalhal. Escolheu um onze equilibrado: três centrais, dois laterais genuínos (Esgaio e Sequeira), dois médios de músculo (Palhinha e Fransérgio) e o tridente no ataque. Fez a primeira substituição aos 72", quando ganhava 2-1 (Trincão por Galeno).
Dois anos e duas substituições adicionais nos regulamentos mais tarde, Carvalhal aumentou o volume nos Açores. Um dos laterais de ontem era um extremo puro (Galeno), um dos dois médios era macio (André Horta) e manteve-se o tridente, o que basicamente partia a equipa entre cinco peças de tendência atacante e cinco de tendência defensiva. A pergunta: teria agido assim sem o conforto das cinco substituições? Começou a mexer ao intervalo (sem surpresa, Galeno por Francisco Moura, lateral a 100%) e aos 74" (no momento mítico em que muitos treinadores do antigamente começavam a substituir), já gastara quatro. Daniel Ramos não andou longe: aos 82", fizera as cinco, incluindo três avançados que ajudaram a fazer do jogo uma montanha russa.
Na primeira parte, a bola e 20 dos 22 jogadores acamparam num meio-campo açoriano que parecia o Forte Apache; no final, o Braga gastou a última bala a introduzir mais um central, porque o Santa Clara começava a parecer incontrolável. Acabou com cinco defesas e dois médios durões (Castro saltara do banco para render André Horta, aos 57"), finalizando a reconversão total daquele onze ultra ambicioso e apesar de ter passado, pelo menos, 71 minutos a pensar apenas na baliza adversária.
No final, a vitória escapou na mesma ao Braga e restou (mais uma vez) a impressão de um jogo em que o excesso de mexidas confundiu mais do que ajudou.