SENADO - Uma opinião de José Eduardo Simões
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O episódio da ausência de Cristiano na pré-temporada do United está a ser objecto de inúmeros comentários, ditos, opiniões, "estórias" e delírios diversos nos grandes reinos da comunicação social e redes sociais. Tem sido um fartar vilanagem e maledicência, sobretudo por quem, sob a capa do anonimato, está disposto a "partilhar" com o mundo todos os disparates que saem das cabecinhas.
Será que Ronaldo quer sair? Se assim fosse, já Jorge Mendes o teria colocado, pois ainda tem muito para dar.
Também algo de semelhante, mas obviamente a outra escala, sucede com a saída de Francisco Conceição para o Ajax, que pagou a cláusula de rescisão do contrato. A propósito, no dia seguinte é fácil ganhar o euromilhões.
Vejamos o primeiro caso: será que Ronaldo quer sair? Se assim fosse, já Jorge Mendes o teria colocado, pois ainda tem muito para dar. Serão graves questões familiares que o prendem? Ou será que não se vacinou para a covid-19 e não quer correr o risco de ser tratado da forma miserável como o que a Austrália fez a Djokovic? Haverá outras questões que não sabemos? Prefiro aguardar em vez de opinar.
Francisco saiu para fugir da sombra do pai e procurar vencer pelo seu próprio mérito e valor? Porque pensa que no Ajax vai jogar mais que no FC Porto e sem ser favorecido ou prejudicado? Ou terá sido Sérgio que, depois de ter visto sair tantos dos seus mais influentes jogadores e ciente que esta é a sua última época no FC Porto, preferiu este desfecho? Só os astros saberão...
O certo é que nenhum clube consegue contratar, manter ou impedir de sair um jogador. O poder destes e dos seus agentes é enorme. O amor ao clube, aos adeptos que os idolatram, ao país ou o que quer que seja, pouco ou nada conta. O jogador vai para onde quer e interessa ao agente; fica o tempo que entende ser-lhe vantajoso; e sai quando for mais útil para a gestão da carreira. O futebol profissional é um negócio onde o coração não entra, apenas os interesses pessoais e empresariais. Deste negócio pouco transpira sobre as razões para opções que são tomadas. E a falta de informação é, a par dos dinheiros envolvidos, o segredo que mais importa preservar nesta actividade. Pelo estado das finanças dos clubes bem se vê a utilidade de tal falta de transparência.