Imagino Varandas a explicar a António Costa que aqueles dois senhores ao lado dele são gente impecável.
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Por ironia, um dia depois de os clubes terem decidido encarregarem-se eles próprios das reivindicações ao Governo, saiu a sentença do caso das injúrias ("um bandido será sempre um bandido") dirigidas pelo presidente do Sporting a Pinto da Costa.
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Não é que fosse preciso refrescar a memória dos ministros, porque Varandas fez declarações parecidas em várias ocasiões nas últimas semanas sobre o presidente do FC Porto e também sobre o do Benfica (Pinto da Costa, é verdade, começara por aconselhá-lo a regressar à medicina).
Quando se sentarem os três à frente do Governo, Varandas vai dizer o quê? Confiem nestes senhores, que são forças do mal e cheiram a enxofre? Acreditem no futebol dirigido por "bandidos"? Não é o autor que está em causa.
Calhou que Varandas fosse o exemplo do momento e de uma forma especialmente assertiva, mas encontraríamos, com facilidade, episódios similares assinados por outros protagonistas. No momento em que falou, o presidente do Sporting arregimentou mais uns milhares de cidadãos para o lado do Governo, como se não bastassem os processos escancarados nos tribunais. Essas pessoas nunca aceitarão medidas como um alívio fiscal para o futebol, porque o clube deles está cheio de santos e heróis, sim, mas todos os outros navegam na podridão. É o que lhes dizem os únicos em quem confiam: os seus presidentes.
Nestes momentos para gente crescida, em que daria muito jeito que o dirigente do lado fosse respeitado e credível, um digno parceiro de negócio, talvez aqueles segundos de prazer que o insulto rendeu (mais as palmadas nas costas pela virilidade) já não pareçam compensar tanto.