Como é bonito o futebol à chuva
Há poucas coisas mais chocantes do que o mediatismo do nada. Não me ensinem a ver, falem-me de coisas sérias.
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A Taça de Portugal deu mais um passo rumo à decisão e, pelo menos ontem, fê-lo à moda antiga.
Jogos disputados sob chuva torrencial, botas a levantar água, entradas de carrinho transformadas em escorregadelas descontroladas, bola a bater e a parar umas vezes e outras a disparar de forma imprevisível, uma mistura plasticamente interessante de comicidade, arte e coragem. Futebol? Foi o possível, mas os jogos do Dragão e de Famalicão foram buscar à memória os tempos em que se gostava de futebol a sério e, a seguir a tardes/noites como a de ontem, era invocado o General Inverno e se repetiam jargões ingénuos em vez das atuais e torpes tentativas de induzir as pessoas a tentarem ver o que não é visível, como as imagens exclusivas do túnel do Jamor e o pobre e triste debate que se lhes juntou.
Se há testemunhas que falem, se houve caso e há culpados, que sejam punidos em conformidade, porque chocante a sério é o mediatismo do nada.
A propósito de imagens, a Taça chegou também à fase do VAR, nos "oitavos" ainda de forma aleatória, mas passará a efetivo a partir dos quartos de final. Uma novidade na prova e uma experiência extraordinária, principalmente se jogarem em casa, para Académico de Viseu e Canelas, os sobreviventes dos escalões de baixo. E não se esqueçam das (para alguns irritantes) linhas de fora de jogo, porque, por mais maçadora que se torne a espera, resulta dali um ato de verdade e justiça. As outras imagens? Os juízos do VAR? São questões de competência. Há decisões que ajudam, outras fazem questionar tudo!