PASSE DE LETRA - Opinião de Miguel Pedro.
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Confesso que fiquei mesmo muito satisfeito quando soube que Artur Jorge iria orientar a equipa principal do Braga.
A vitória em Paços de Ferreira garante, acima de tudo, que nos mantemos na luta por um valioso terceiro lugar
É certo que qualquer treinador que seja escolhido para o SC Braga merecerá todo o meu apoio. Mas conheço pessoalmente o Artur e sei que é - e sempre foi - um fervoroso adepto do Braga, um apaixonado pelo clube. Por isso, imagino como se sentirá ele a treinar o seu clube de sempre. Mas, para além disso, conheço a sua integridade pessoal, a sua obstinada procura em se superar e a sua irrepreensível ética de trabalho. Por isso, o SC Braga também tem muito a ganhar com ele.
É uma verdadeira "win-win situation", como se costuma dizer nos meios da gestão. E, para melhorar tudo, este seu início à frente da equipa bracarense tem sido de sonho: duas goleadas e uma equipa que parece querer regressar aos seus melhores momentos. O primeiro ponto que saliento destes dois jogos é a procura pelo reforço na solidez defensiva. Lembro-me de, um dia, ouvir Leonardo Jardim, que treinava o Braga, ter dito, em resposta a uma pergunta sobre o seu segredo de não sofrer golos: "Preocupo-me sempre, em primeiro lugar, em não sofrer golos pois sei que, com jogadores desta qualidade, acabaremos sempre por marcar algum...".
Ora, revi esta estratégia na forma como Artur Jorge montou a sua equipa. Mas a sua preocupação primeira com o setor defensivo não significa "jogar à defesa"; bem pelo contrário, como se vê pela quantidade de futebol ofensivo e quantidade de golos marcados. Artur Jorge sabe bem da importância em não sofrer golos e sabe, também, que com Paulinho, Ricardo Horta, Galeno, Trincão, Abel Ruiz ou Rui Fonte os golos acabarão por aparecer.
Artur Jorge mostrou que Fransérgio, Palhinha e André Horta podem alinhar na equipa ao mesmo tempo
Artur Jorge mostrou também - e eu sempre o referi anteriormente - que Fransérgio, Palhinha e André Horta podem alinhar na equipa ao mesmo tempo. Complementam-se nas suas caraterísticas: Fransérgio tanto sabe defender como atacar, transfigurando-se de médio defensivo em médio ofensivo enquanto o diabo esfrega um olho; Palhinha sabe ocupar os espaços como ninguém e parece ter dons divinatórios quando se trata de perceber por onde o jogo do adversário vai passar; André Horta (que fez um jogo magistral) garante qualidade na transição da equipa para o ataque, mesmo quando o adversário pressiona alto de forma agressiva, pois a bola parece que se lhe cola no pé e, quando a passa, vai sempre com uma indicação precisa do endereço de destino.
A vitória em Paços de Ferreira garante, acima de tudo, que nos mantemos na luta por um valioso terceiro lugar e essa é, certamente, a sua principal importância. Mas vale também pela injeção de esperança e de moral que deu a todo o universo bracarense.