VISTO DO SOFÁ - Opinião de Álvaro Magalhães
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A transferência de Mbappé, do Paris Saint-Germain para o Real Madrid, pôs diante dos nossos olhos uma eloquente imagem do futebol actual, melhor, do estado a que ele chegou. O jogador francês, talvez o mais valioso do planeta, saiu do seu clube a custo zero (fixem bem esta parte, por favor). O PSG, apesar de ter pago por ele 180 milhões, ao Mónaco, só pôde dizer-lhe adeus. Nada recebeu. No entanto, o jogador facturou um prémio de 150 milhões de euros para assinar pelo novo clube. Fora o resto, evidentemente. É a transferência gratuita mais cara da história do futebol. E é também o sonho de criança mais bem remunerado de sempre. Bem diz aquela malta da auto-ajuda que devemos perseguir os nossos sonhos.
Esta modalidade do jogador livre, que se recusa a assinar novo contrato e sai a custo zero (para o clube, claro), ainda há pouco era uma raridade. Quando acontecia, aliás, atribuíamos a anomalia à incúria das direcções dos clubes. Agora, é uma prática mais do que corrente (cerca de dois terços de todas as transferências envolvem jogadores livres), o que desvia uma receita que ainda há pouco era dos clubes para os bolsos dos jogadores, mas também para os bolsos dos agentes, essa multidão parasitária que cobra fortunas por coisa nenhuma, sobretudo se pensarmos que os clubes podem facilmente criar mecanismos de entendimento para uma negociação directa.