PLANETA DO FUTEBOL - A análise de Luís Freitas Lobo.
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1 - Uma página quase exótica só falando de futebol, do jogo e da bola. E é sobre a última jornada.
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Gosto de ver o FC Porto com dois extremos. Será revivalismo meu do futebol de outros tempos, com o qual cresci e esses homens que jogavam junto à linha eram os mais rápidos e, quase sempre, os mais perigosos (imparáveis mesmo) a criar lances de perigo.
Senti isso com as entradas do Luis Díaz e, sobretudo, com esse talento espécie "zig-zag roda-baixa" (dos tais que parecem vir desses outros tempos) que é Francisco Conceição. Joga de uma forma, inclinando o corpo, peso-pluma sem medo do choque (até o promove), que quando o defesa mais forte se faz a ele para o corte ou tem a medida certa para ganhar o espaço na antecipação (difícil, tal a biomecânica de apoios do trem inferior do Conceição carrinho de choque) ou então vai, sem hipótese de encolher o corpo (a diferença entre ambos), amassar o "zig-zag" do extremo e cair-lhe em cima (o que significa, em amasso físico, fazer falta).
2 - Francisco Conceição tem tudo para ter um papel de reinvenção revivalista dentro dos conceitos mais básicos do futebol. O jogo pelas faixas dos extremos rápidos e de finta que vão sem medo para cima dos defesas. Acreditem, era melhor e muito mais divertido do que o moderno advento dominador dos laterais ofensivos. Os extremos, os "wingers", as asas, como dizem os ingleses, são sempre um pouco loucos. Imprevisíveis até para o que eles próprios vão fazer, quanto mais para quem tem de os marcar. Gostava de ver o FC Porto (4x3x3 ou 4x4x2) com os dois de início. Era como ir numa máquina futebolística do tempo ao encontro dos extremos.
Os extremos eram melhores e mais divertidos para o futebol do que os modernos laterais ofensivos. Olhem para os zig-zags do Chico Conceição
3 - No Benfica, o jogador que hoje tenho vontade de ver jogar também é, por natureza, um habitante voador da faixa. Diogo Gonçalves. Emergiu como extremo rápido de finta em progressão fácil e depois dar pisca para dentro (para a área).
Jesus podia potenciar também nele o regresso do extremo de outras eras. Em pouco tempo, porém, esse revivalismo caiu em nome da visão do treinador para quem o que estava ali era um grande lateral escondido. Ou seja, um extremo com espaço para embalar desde trás que o futebol atual idolatra (sobretudo com as variantes de sistemas de defesa a 3).
Claro que esse elemento surpresa de vir de trás é importante, mas quase sempre este tipo de jogadores (os extremos que viram laterais para atacar como... extremos à moda antiga) só encontram este habitat de jogo ideal em equipas grandes, que podem jogar em ataque continuado e essas iniciativas pela faixa repetem-se umas atrás das outras.
Um dia, acredito, voltaremos às raízes. Entretanto, procurem o extremo escondido e as fintas à raiz da relva do Chico Conceição.