Seria bom para todos ter estrelas mundiais na I Liga e não será motivo para festa que as melhores equipas enfraqueçam
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Estamos num momento invulgar de felicidade para todos os gostos.
A hegemonia tão estupidamente desejada é o mesmo que escolher jogar sempre Playstation no nível mais fácil
Os não-benfiquistas divertem-se com a contratação impossível (?) de Cavani, os benfiquistas gozam por antecipação o desmantelamento do campeão FC Porto e desfrutam de cada frincha que sugira desorientação no Sporting.
Cavani seria excelente para o campeonato. Um campeão errático na Champions, outra vez, seria péssimo. Uma Liga de um só candidato, como a francesa, seria um purgatório para todos, repartido entre equipas que celebram segundos lugares (literalmente, campeões dos últimos) e outra para a qual os títulos nacionais perderam todo o valor.
Ligas tenras produzem campeões tenros. O PSG fracassa continuamente na Europa e desculpa-se com a falta de andamento interno. O Bayern venceu a Bundesliga pela oitava vez seguida, mas só no primeiro ano (2013), na ressaca de dois campeonatos perdidos para o Borússia Dortmund, conseguiu ganhar a Champions (contra o Borússia). Em 2012, perdendo a Bundesliga, chegara à final.
O Real Madrid habituou-se a ser campeão europeu levando grandes tareias na liga espanhola. O FC Porto ganhou todas as suas taças europeias em reação a momentos de extrema competição interna (a alternância com o Benfica pós-1982; o jejum de três épocas em 2002, e o trauma Jesus em 2009/10).
A hegemonia tão estupidamente desejada é o mesmo que escolher jogar sempre Playstation no nível mais fácil. Nem FC Porto e Sporting devem desprezar a mais-valia para a Liga de um Benfica melhorado, nem o Benfica deve querer adversários "falidos", financeira e desportivamente. A curto prazo, é uma alegria. A longo prazo, é só curto.