Ou é a nova farda de Lage: adeus ao velho fato “Mário Wilson 2.0” e olá ao “casual chic” dos bons treinadores portugueses. O lugar onde, na fronteira do mansinho e do agreste, sempre pertenceu.
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Por aí: qualquer equipa grande que apresente um padrão tende a ser dizimada pelo olho clínico de Bruno Lage. Ele detesta fardas e rompe-as à dentada. Atlético de Madrid, Mónaco ou FC Porto. Por isso, quando os processos ainda não estão seguros, a solução passa por surpreender – vitória do Sporting em Alvalade - ou então o pior vem aí. FC Porto no Dragão. O mesmo onze e o mesmo Lage destruidor de cenários repetidos - estudados à partícula.
É claro que há a outra face: quando o Benfica tem de dominar – porque o adversário não tem outro remédio senão remeter-se a um bloco mais baixo – aí os problemas aparecem, isto apesar de uma versatilidade ofensiva que colocou as águias com os dedos no título.
Ou é a nova farda de Lage: adeus ao velho fato “Mário Wilson 2.0” e olá ao “casual chic” dos bons treinadores portugueses. O lugar onde, na fronteira do mansinho e do agreste, sempre pertenceu.
Tiago Gouveia / Nota: 7
Dizias Roger?
Dizia Schmidt que “Tiago Gouveia não era opção para lateral” mas o certo é que encaixa que nem uma luva nas necessidades da equipa, sobretudo nesta altura de sprint final. Se os laterais de atualmente são alas e é mais fácil ensinar alguém a defender do que a atacar, o jogo de Barcelos serviu para se perceber que há todas as condições para Tiago se afirmar com estrondo no lado direito. Ativo, puxou o corredor e assumiu-se como figura.
Zalazar / Nota:8
O regresso
Depois da novela russa, o regresso em cheio de um dos médios de referência da liga portuguesa. É certo que todos falam – e com razão – do oportuno golo de Afonso Patrão, mas poucos teriam a capacidade para fazer um tão preciso cruzamento longo como aquele que Zalazar realizou em Alvalade. No miolo uniu as tropas, acrescentou critério e capacidade de decisão, e assumiu a batuta rumo a um empate completamente justo. Espaço reconquistado.
Telmo Arcanjo / Nota: 7
Espalha-brasas
Os triunfos diante de Santa Clara e Gil Vicente foram determinantes, e também assentam na explosão de alguns elementos que se estão a afirmar no seio dos vitorianos. A capacidade técnica de Telmo Arcanjo impressiona: um pé esquerdo altamente calibrado e uma predisposição para o drible curto transformaram o corredor direito vitoriano num eixo de perigo. Um “espalha-brasas” irrequieto e imprevisível que tem muita margem para crescer.
Benfica: ainda o jogo da Taça
Treino em contexto de jogo e oportunidade para se tirarem notas sobre os jovens. Dois em particular: nem sempre as coisas saíram bem a João Rego mas a inteligência tática coloca-o sempre no local certo; e Samuel Soares assume-se como futuro número um dos encarnados: voz de comando, jogo de pés e personalidade.