A JOGAR FORA - Uma opinião de Jaime Cancella de Abreu
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1 - Bruno Lage tem – como sói dizer-se – má imprensa: é atacado por tudo e é atacado por nada, quando perde e quando ganha, quando a equipa joga mal e quando a equipa joga bem, quando diz banalidades e quando nos brinda com pertinentes visões sobre o jogo. Terá que ganhar uma Champions para ver o seu valor reconhecido; quando, porém, falhar – todos falham, é certinho –, será implacavelmente imolado num ritual próprio de culpado único pelo infortúnio.
2 - Noventa minutos bastaram para que o Nice passasse do mais difícil adversário que podia ter calhado ao Benfica para uma equipa banal, incapaz, carregada de lesões, com plantel de valor muito inferior ao nosso – eis o significado de azia.
3 - Dois avançados que trabalharam muito e pressionaram à largura, dois pivôs do meio-campo que foram intensos e agressivos na recuperação da bola, assim se apresentou o Benfica em Nice e assim, com este sistema, pouquíssimas oportunidades concedeu ao seu adversário (o mesmo havia acontecido com o Sporting). É para repetir na terça-feira, Bruno?
4 - Com muito pouco tempo de trabalho, com poucos treinos aquisitivos – é a nova terminologia –, com os reforços a chegarem às pinguinhas, o Benfica marcou em Nice dois golos que foram a demonstração prática do que é um modelo de jogo coletivo a funcionar: no primeiro, a bola mudou 14 vezes de jogador até à brilhante conclusão do Ivanovic (que estreia!); no segundo, foram 15 até à surpreendente bomba do Tino. Precioso foi o contributo de Barrenechea e Ríos, mais o Aursnes de sempre, pela capacidade que tiveram para fazer fluir o jogo, de sair sob pressão com critério, com acerto, sem erros não forçados. Até pareceu fácil.
5 - Sempre tive, continuo a ter e garantidamente terei dificuldade em compreender a venda de um jogador que marca golos e faz assistências. Veremos se é verdade o que se diz sobre a ida de Akturkoglu para o Fenerbahçe e qual o valor da transação. O turco está insatisfeito? Tem contrato, não tem? Então tratem de o enquadrar, de o motivar, de tirar dele tudo o que tem para dar – e não é pouco!
6 - O Ministério Público adora denúncias anónimas, cobardes, destituídas de provas – e se o alvo for o Benfica, então, nossa senhora, entra logo a pés juntos! Veremos se se entrega com o mesmo afinco, com a mesma obstinação, com o mesmo empenho a uma denúncia frontal, clara e com testemunhas prontas a serem arroladas: refiro-me – adivinhou – à denúncia que Vieira fez da tentativa de “compra” de Nuno Lobo por parte de Pedro Proença. Pouco importam as motivações do ex-presidente, agora candidato, o que importa é a descoberta da verdade.
7 - O leitor que me perdoe a insistência, mas jamais deixarei cair no esquecimento o roubo do Jamor: passaram 77 dias e continuamos sem conhecer castigos para Tiago “VARgonha” Martins e seus acompanhantes.
8 - Conheci as duas facetas de Jorge Costa: a partir da bancada, o intratável “bicho” que eu desejava ver avermelhado sempre que defrontava o Benfica; em privado, o ser humano sereno, tranquilo, empático e humilde, que eu desejava não ver partir de forma tão injustamente prematura.