O patrão do Sporting está para o futebol como a seleção holandesa de 1974. Mas num corpo só. E magrinho
Corpo do artigo
Há jogadores inteligentes. Há jogadores que cheiram o golo. Há jogadores-bombardeiros. Há jogadores de talento. Há jogadores de trabalho. Há jogadores de caráter. Há jogadores que organizam. Há jogadores que finalizam. Há jogadores resistentes. Há jogadores que sabem atacar. Há jogadores que sabem defender. Há jogadores que lideram. Há jogadores dos grandes momentos. Há jogadores dos pequenos momentos. Há jogadores regulares.
Mas Bruno Fernandes consegue ser isso tudo em simultâneo, sem que se perceba como é possível - porque não há assim tantos exemplos de futebolistas absolutos. O talentoso resguarda-se; ao esforçado falta requinte; o inteligente é lento. Nem Ronaldo preenche o pleno dessas alíneas.
Aceitemos que a situação também é especial. Como aconteceu com Renato Sanches no Benfica e depois no Bayern, faz diferença o quanto os colegas precisam, ou não, deles. É a distância entre ter a bola nos pés vinte vezes ou apenas três (e sofrer a pressão de sobressair nessa pequena janela).
No Manchester United, City, Barcelona ou Juventus, Bruno não será, ou pelo menos não começará por ser, a referência de todos os colegas. Não terá tanta autoridade para puxar a culatra, nem para comandar o jogo. E, ainda assim, sobram-lhe recursos para vingar na mesma, porque está muito longe de ser apenas um jogador que passa e chuta, ou que corre e marca. Em 1974, Rinus Michels apresentou-nos o conceito de futebol total. Em 2019, Bruno Fernandes mostra-nos o jogador total. Impressionante (para usar uma palavra que me ocorre a cada dez anos)..