Pinto da Costa foi amável com o Benfica, depois de o Benfica ter sido amável com ele e deixado o país em estado de completa desorientação. Descansem: o próximo presidente voltará a pôr ordem no mundo.<br/>
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Pinto da Costa descreveu FC Porto e Benfica como "dois rivais que se respeitam e reconhecem a grandeza do outro".
Disse-o num camarote do Estádio da Luz, na gravação de um episódio do programa "Ironias do Destino", entre catering e generosa hospitalidade.
Nos últimos dias, correram lendas sobre o incidente. Ricardo Araújo Pereira, no Governo Sombra da TSF/SIC, até sabia que tinham aberto o relvado para o presidente do FC Porto, coisa difícil, porque a gravação fez-se no dia, e praticamente na hora, do clássico da Luz. A frase será sujeita a uma interpretação lógica: Pinto da Costa e Vieira estavam em rota de aproximação. Já agora, revelo que isso se deu por causa de um documento da autoria de Domingos Soares Oliveira sobre os interesses comuns dos "grandes" (e dos outros, pronto) que levou a intimidades e almoços impensáveis, na Mealhada. Para quem se foi habituando a perceber as boas e más subtilezas do presidente do FC Porto (e de "uma certa burguesia portuense", como me dizia ontem um amigo), aquilo é o Pinto da Costa ignorado, muitas vezes escondido pelo próprio.
Se fosse altura de atacar o Benfica, ele não usaria a instituição, mas, para ser amável, não tem outro caminho se não falar de uma entidade abstrata que é todos os benfiquistas e nenhum deles ao mesmo tempo. Outro pormenor, herdado da tal burguesia, é que não se bate num adversário caído (tão certo como não haver limites quanto à forma de o levar ao tapete). Mas o mais importante daquela frase é ser verdade, como sabem todos os adeptos portistas e benfiquistas que perderam ou ganharam clássicos e campeonatos entre si. Mentira é o que se continuará a dizer nos outros 364 dias do ano. Se a aproximação de Vieira a Pinto da Costa garante algo, é que o sucessor será obrigado a prometer o oposto.