Braga: semana entre a euforia e a depressão
PASSE DE LETRA >> No que respeita à equipa principal, as coisas não foram tão felizes. A equipa de Carvalhal tende a desenvolver, com o passar dos jogos, uma certa bipolaridade
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1 - A semana bracarense começou com a conquista, pela equipa feminina de futebol do SC Braga, do troféu que lhe faltava: a Taça de Portugal. A aposta da Direção bracarense de fazer renascer uma equipa feminina de futebol, na época de 2016/17 (o SC Braga teve uma equipa de futebol feminino na década de oitenta do século passado), foi uma aposta ganha.
No jogo da I Liga, contra o Paços Ferreira, assistimos a uma equipa algo deprimida, voltada para si mesma, ineficaz. Sabemos que o caminho se faz caminhando, mas precisamos de um Braga mais estável
Hoje, o SC Braga é uma equipa de topo do nosso futebol feminino. Um estudo recente sobre espectadores (anterior à pandemia, é certo) revela que em 2022/23, a média de assistência, na Europa, será superior em oito vezes, tendo por referência a época de 2017/18. Além disso, a modalidade de futebol feminino terá um aumento de rentabilidade comercial (sponsorização, direitos televisivos) superior a três vezes, também tendo por referência a mesma época de 2017/18. Por isso, para além da vertente estritamente desportiva - ganhar uma Taça de Portugal é sempre um momento de celebração para os adeptos -, o facto de o SC Braga se estar a afirmar como uma das melhores equipas nesta modalidade pode revelar-se verdadeiramente estratégico, quando chegar o momento da economia descobrir as suas potencialidades.
2 - Já no que respeita à equipa principal, as coisas não foram tão felizes. A equipa de Carvalhal tende a desenvolver, com o passar dos jogos, uma certa bipolaridade: alterações de humor, súbitas mudanças de comportamento, instabilidade emocional, boas e más exibições em momentos seguidos. No jogo da Taça, pudemos ver uma equipa segura, alegre, focada nas suas tarefas e eficaz nos momentos-chave.
No jogo da I Liga, contra o Paços Ferreira, assistimos a uma equipa algo deprimida, voltada para si mesma, ineficaz. Sabemos que o caminho se faz caminhando, mas precisamos de um Braga mais estável, mais seguro em todos os momentos. Não é nada fácil, reconheço. O futebol é um jogo, com estratégia, saber, tática, emotividade e sorte e, por isso, são muitas as variáveis que influenciam a performance. No caso do SC Braga, a sucessão vertiginosa de jogos não permite uma rotina de recuperação/preparação que, como bem sabemos, tão necessária se torna num contexto de intensidade competitiva e isso pode explicar, pelo menos em grande parte, o comportamento bipolar da equipa. Isso e o Paulinho, que faz mesmo muita falta. Resta-nos a esperança de que a equipa tem sempre reagido aos momentos menos bons com vitórias e boas exibições e, se isso se mantiver, teremos boas notícias para a Final Four da Taça da Liga.