Braga pode perder mas ganha sempre

O mau momento de mercado do Braga, que reencontra amanhã o seu némesis da última década, sugere uma pergunta: teria acontecido se FC Porto e Sporting não lhe tivessem roubado o território de caça?

Citação citacao O "grande" que o Braga teve mesmo ali à mão de semear é hoje uma espécie de concretização das ideias minhotas

Noutros tempos, não muito remotos, jogadores como Nuno Santos, Fábio Cardoso, Zaidu, Manafá, Tabata, Fernando Andrade. Matheus Reis, talvez até Ugarte e Pedro Gonçalves, teriam um caminho bastante mais tortuoso para chegarem ao Dragão ou a Alvalade. O Braga era o patamar natural. Entretanto, a porta do futebol latino-americano fechou-se mais um pouco, FC Porto e Sporting empobreceram (mais) e brotaram os clubes hipermercado, como Portimonense, Santa Clara ou Famalicão, com caixa registadora à entrada, preços que já mantêm o faro de António Salvador à distância e dois clientes muito necessitados.

Escrevo isto, confesso, sem vasta informação sobre qualquer daquelas contratações ou o eventual interesse do Braga nelas. Baseio o raciocínio no que me dizem sobre transferências que ainda estão por acontecer e na coincidência de ter havido, esta época, um raro colapso nas contratações braguistas. O futuro dirá se há espaço para todos nessa política que, em década e meia, elevou o Braga a potência nacional ou se a formação, em fase explosiva, ajudará a tapar os buracos provocados pela concorrência de FC Porto, Sporting e, a todo o instante, também do Benfica.

Entretanto, constata-se a curiosidade de ter sido o Braga a inventar este novo Sporting, de Rúben Amorim a Paulinho, mais Pedro Gonçalves que escapou às escolas bracarenses algures na idade das trevas, mais a função de genial incubadora para Palhinha e Esgaio.

O "grande" que o Braga teve mesmo ali à mão de semear é hoje uma espécie de concretização das ideias minhotas, castradas na Pedreira por falta de autonomia financeira. Não deixa de ser uma pequena vitória.