VISTO DO SOFÁ - Um artigo de opinião de Álvaro Magalhães
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Dizia o comentador da SportTV, a meio da segunda parte do Arsenal-Porto: “Eliminatória muito equilibrada, com o Porto a jogar taco a taco com o Arsenal”. E pelo que se tem visto e lido, a “vitória” do Porto em Londres foi essa equiparação a uma equipa superior e muito mais valiosa (o segundo plantel mais caro do mundo), três horas e meia diante de um gigante, a impôr a lei do mais fraco. Não foi uma vitória moral, foi uma derrota imoral, que não premiou esse estoicismo, essa transcendência.
Quanto ao jogo, foi de combustão lenta, marcado pelo espírito táctico, com o medo de perder a sobrepor-se ao desejo de ganhar, e em ambas as equipas: eis a surpresa. O Arsenal, que costuma sufocar os rivais com a sua pressão alta, optou por um bloco médio, pois Diogo Costa, que era, ao intervalo, o portista com mais passes, punha a bola nas costas dos defesas ingleses. Assim, Arteta evitou um golpe traiçoeiro e viu a sua equipa ganhar mais segundas bolas, embora quase sempre longe da baliza do Porto. Por outro lado, ofereceu, de vez em quando, a bola ao Porto, que teve quase a mesma percentagem de posse do Arsenal, pois Conceição, nestes jogos, não quer ter bola, quer ter espaço. Ou, como ele mesmo disse, não quer jogar (os outros que joguem), ele prefere ganhar. Por isso, os ingleses deram-lhe mais bola e menos espaço. Graças a tudo isso, o Porto conteve o Arsenal, mas só esteve perto de ganhar a eliminatória na fase final do jogo, quando teve algumas abertas que não soube aproveitar. Os três avançados defenderam tanto e tão bem que já não tiveram fôlego e discernimento para atacar. Ou se tem isto ou aquilo, não se pode ter tudo.