Bocage, AR e VAR!
APITADELAS - Perante a polémica criada pelo dom da ubiquidade do deputado José Silvano, capaz de estar a quilómetros de distância e, simultaneamente, assinar presença na Assembleia da República, a sua colega de bancada, Emília Cerqueira, na própria casa da Lei, onde é crível haver verdade, rigor, transparência, escrupuloso cumprimento de regras e respeito pelo povo, dando de barato considerar ser comum a troca de passwords entre utilizadores, como se estas não sejam instrumento de segurança e privacidade, veio a terreiro dizer "não foi ele, fui eu!"
Corpo do artigo
Explicação que recorda Manuel Maria Barbosa du Bocage, poeta nascido em Setúbal, tido como o maior representante do arcadismo lusitano, inserido no léxico e querer popular devido ao seu forte sentido satírico e tiradas de baixo calão, sobretudo para a frase que lhe é atribuída: "Minhas senhoras e meus senhores, o peido que aquela senhora deu, não foi ela fui eu!".
"No momento de maior "aperto", não são eles, é o VAR!"
Admita-se, pois, estava o versejador muito adiantado no tempo e, se relativamente a comportamentos políticos o poeta estava muito à frente, em matéria de desporto, nomeadamente de futebol, em particular da arbitragem que naquela época nem em sonhos existia, o âmago e oportunidade da frase, transposta para a atualidade, faz todo o sentido no uso do VAR e correspondente alijar de responsabilidades por parte dos árbitros. No momento de maior "aperto", não são eles, é o VAR!
Sem rigor!
No Estádio do Dragão, Pablo Santos (SCB) ficou com um pé descalço, calçando a bota passado algum tempo. Na TV, sem rigor, enfatizaram que assim havia jogado. Falso! Descalço, embora no terreno, jamais pontapeou o esférico ou perturbou ação de adversários. Fazendo-o a sua equipa seria punida com pontapé livre indireto no local da infração e ele advertido com exibição de cartão amarelo.
Apitador coerente!
Em Alvalade, Tiago Martins, qual projeto de árbitro, assinalou um penálti verberado pela generalidade da crítica. O apitador foi, somente, coerente. William já havia sido avisado por agarrar e impedir Bas Dost com o braço. Executado o canto, persistiu. Ora, "impedir o movimento de um adversário com contacto" é punível com pontapé livre direto ou de penálti!