Sabemos que Paulo Bento teve as culpas todas, mas não sabemos quais. A comunicar foi um desastre.
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Se Paulo Bento já se identificou como culpado de tudo o que deu errado neste Mundial, não vale a pena perder muito mais tempo, pelo menos enquanto o relatório que será feito, e cujas conclusões Fernando Gomes prometeu tornar públicas, não detalhar ao certo que culpas foram essas. Sabemos que foram todas, porque o selecionador o garantiu, mas não sabemos quais. Imaginamos que ele discordará das que lhe são apontadas - da convocatória desequilibrada ao fraco aproveitamento dos jogos de preparação para testar com rigor a cristaleira em que se tornou este grupo; ou a falta de golpe de asa tático que o tornasse capaz de apresentar um plano B, por mais fraquinho que fosse, a disfarçar melhor as dificuldades de Ronaldo. No fundo, que tivesse chegado em tempo útil à conclusão que chegou neste último jogo: fica-lhe bem não deixar cair os dele, os que ajudaram Portugal a chegar ao Brasil, mas ficou-lhe mal a casmurrice de insistir em erros pelo capricho de não ceder às evidências que todos - entendidos na matéria ou comuns mortais, como os jornalistas - identificaram à vista desarmada.
Ironicamente, de tanto querer defender um núcleo duro de rastos, acabou por ajudar a queimá-lo num lume brando e mais asfixiante do que o ar de Manaus: saímos do Brasil a olhar de lado para Rui Patrício, Bruno Alves, Pepe, Meireles, Miguel Veloso e até Moutinho, só para citar casos mais ou menos unânimes no onze. Dar o corpo às balas é um bom princípio moral, mas, para a moral da história, interessa pouco. Enquanto não detalhar os tais erros que reconhece, podemos apontar-lhe um em que ele não duvidará da nossa legitimidade: a comunicar, Paulo Bento - e toda a FPF, já agora - foi um desastre. Ao dizer, como disse em jeito de decreto, que não deixará cair estes jogadores, que estes foram os mesmos que recolheram elogios em 2012 (e bem, porque os mereceram; como agora merecem as críticas...) significa que, no que toca a comunicar, o Mundial ainda não parece ter sido lição suficiente para o selecionador...