PONTAPÉ PARA A CLÍNICA - Se Edwards não está a ter o rendimento que o míster quer, não lhe incumbe sacar do craque o que ele tem de melhor?
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1 A pandemia tem destas coisas. Um Benfica - Vitória, numa sexta ao final da tarde, condena-me a não ver o jogo. Não há cafés abertos e está fora de questão assinar o canal de televisão de um clube rival para ver um jogo que seja.
A partida decorre, por isso, enquanto atualizo freneticamente a aplicação de resultados desportivos e assim, pelo menos, vou acompanhando estatisticamente o que se passa na Luz.
Isto acontece porque temos esta originalidade lusa de um clube transmitir os seus próprios jogos, com tudo o que de perverso isso acarreta. Desde logo no que toca à própria realização, relato e comentadores.
A este propósito, uns pormenores curiosos a registar. Em primeiro lugar, a estranhíssima eleição de Trmal para melhor em campo. Quando soube disso, pensei que o massacre tinha sido de tal forma que o jovem checo tinha feito uma exibição monstruosa. Depois vi o resumo e constatei que eu próprio teria conseguido defender os remates que o Benfica fez à nossa baliza.
E por falar em resumo, quando acabei de o ver, na RTP, estranhei uma coisa: tinham-me dito que a melhor oportunidade do jogo tinha sido nossa, por Marcus Edwards, em cima do apito final. Pois no dito resumo, do dito lance, nem rasto... tive de rever as imagens na SIC para ver o tal remate ao lado. Curioso, não é?
E finalmente, parece que houve troca de galhardetes entre Rogério Matias, comentador da Benfica TV, e João Henriques. A dita troca terminou com o antigo defesa esquerdo e dizer ao nosso míster para perguntar por ele em Guimarães, que ainda nos devíamos lembrar dele por cá. Nós lembramo-nos, Rogério. O Rogério é que parece que já se esqueceu da luta completamente desigual que um clube como o Vitória trava com emblemas como o Benfica. Problemas de memória, certamente.
2 No início desta época, ninguém tinha dúvidas de que Marcus Edwards era o nosso ativo mais valioso. Depois do ano extraordinário que tinha feito, o Vitória decidiu mantê-lo, naquilo que não deve ter sido mais do que uma tentativa de prosseguir a sua valorização.
Ora, a gestão que se tem feito do inglês esta época vai no sentido oposto. Os jogos sucedem-se e as opções que se fazem da sua utilização mais não resultam do que na sua contínua desvalorização. Anteontem, tivemos mais um exemplo, com o recém-chegado Lameiras a passar-lhe também ele à frente na titularidade.
Note-se: como digo sempre, o treinador é que os treina e é quem sabe quem está em melhores condições para fazer o que ele pretende seja feito dentro de campo. Mas pode um treinador ignorar esta desvalorização do nosso melhor ativo? Se Edwards não está a ter o rendimento que o míster quer, não lhe incumbe também a ele sacar do craque o que ele tem de melhor (que é muito)? Fica a questão, sendo certo que, provavelmente, não será ainda no batatal do Jamor que poderemos ver o melhor do britânico.