Benfica tem de refinar a política de contratações
<strong>TÁTICA DO PROFESSOR</strong> - Vencer em Munique seria excelente e moralizador, mas para isso é preciso defender bem.
Corpo do artigo
1 - O Benfica enfrenta um cenário terrível na Champions, porque mesmo que ganhe em Munique na terça-feira (o que, como se sabe, é muito difícil, mas já lá iremos), teria de rezar por uma fantástica escorregadela do Ajax, o que também me parece muito pouco provável. O caminho do Benfica será então a Liga Europa, mas mais do que pensar no que lhe vai acontecer no imediato, devem os responsáveis preparar o futuro. Pensar agora e agir a tempo para que estas performances ao nível externo deixem de ter resultados tão pobres.
Não há dúvida de que o Benfica venceu a batalha da formação com Gedson, João Félix ou Rúben Dias, três exemplos que ainda estão no clube mas que precisam de gente com classe internacional para crescerem ainda mais e poderem lutar de igual para igual com grandes craques estrangeiros que costumam aparecer na Champions. Jonas está a terminar a carreira e não vejo, nas contratações feitas para o ataque, qualidade suficiente para o substituir. Quero com isto dizer que o Benfica precisa de refinar a sua política de contratações, porque não me parece que tenham sido as melhores nesta temporada. E claro que isso se reflete no trabalho de Rui Vitória, que não pode fazer milagres e que acaba por ser apontado, injustamente, como o culpado de uma crise indisfarçável, agora até nos momentos em que vence, como aconteceu com o Arouca, uma vitória complicada, típica de Taça de Portugal, mas que, mesmo assim, provocou desconforto entre os adeptos.
Sim, o Benfica precisa de arrumar a casa, com paciência, com calma, mas com outro grau de assertividade. Juntar o que de bom tem feito na formação com nomes de qualidade evidente será, na minha opinião, um caminho a seguir, porque o presente está mais do que visto; uma pobre prestação internacional, mas internamente todos os objetivos estão ao alcance. Acho que é para aí que o Benfica tem de se virar, embora tudo o que se tem vivido à volta do clube fora dos relvados não seja o mais conveniente num momento em que a equipa principal precisa de paz para dar a volta ao que de mal está a acontecer.
"O Bayern de hoje não é o mesmo da época passada, nem das anteriores."
2 - Vencer em Munique seria excelente, mas, para isso, o Benfica precisa de defender muito bem, e não me parece que isso esteja a acontecer. Há algo a explorar, no entanto. O Bayern de hoje não é o mesmo da época passada, nem das anteriores. Tal como a seleção alemã, que acaba de ser relegada para a segunda divisão na Liga das Nações, vive um momento de renovação.
Muitos dos jogadores que vemos hoje nos onzes não têm ainda um passado que nos permita conhecê-los muito bem para serem futebolistas de eleição. Hão de ser, estão a crescer, e não duvido que o Bayern voltará a ter a mesma força que o levou a ser um dos mais poderosos clubes da Europa. Aproveitar esta fase será uma boa ideia para o Benfica. Uma vitória na Alemanha será moralizadora, embora não baste para que o trajeto na Champions seja vitorioso. Até porque está lá o Ajax que, tal como a seleção holandesa - e há vários jogadores desta equipa na seleção -, perdeu a vergonha com que às vezes se apresentava em campo perante equipas ou seleções mais fortes.
A Holanda falhou o último Mundial, mas percebe-se que está a acontecer qualquer coisa por lá. Aliás, sempre vi a Holanda como um país a respirar bom futebol, que deu grandes nomes, que entusiasmaram gerações. Pois é, e o Ajax apareceu no caminho do Benfica. Não foi um sorteio agradável, ao contrário do que muitos terão pensado quando ele se realizou...