A JOGAR FORA - Um artigo de opinião de Jaime Cancella de Abreu.
Corpo do artigo
1 Só um Benfica do outro mundo - não este que atravessa um insuficiente momento de forma - poderia aspirar àquilo que nas últimas 18 épocas apenas uma equipa fora das "big-5" conseguiu alcançar: um lugar nas meias-finais da Champions.
Ficou, porém, o tremendo amargo de boca de termos desperdiçado a oportunidade - irrepetível? - que o alinhamento dos astros da UEFA de mão beijada nos ofereceu.
2 Foi vergonhoso o que sucedeu com os arremessos de pirotecnia em Milão. O pedido oficial de desculpas do Benfica impunha-se, claro, todavia está longe, muito longe, de ser suficiente para a erradicação do problema - que é o que verdadeiramente importa. Não se percebe como é que os adeptos comuns têm tanta dificuldade em comprar bilhetes e esta gente não; não se percebe como não se identificam os criminosos e de imediato se lhes veda a entrada nos estádios; não se percebem, aliás, muitas coisas.
3 Leio a "newsletter" difundida pela comunicação do Benfica no dia seguinte ao decisivo penálti que nos foi subtraído em Chaves - na qual vejo misturada a maldade do VAR, António Nobre, com tópicos sobre modalidades, agenda do dia, etc. - e resulta para mim claro que somos a evidência prática da velha tese de José Maria Pedroto: "Enquanto fomos bons rapazes, fomos sempre comidos." Até quando, Benfica?
4 O CNID, que nos habituou a tomar posições de acordo com as cores dos clubes, censurou o Benfica por não ter permitido que a TVI colocasse uma pergunta na conferência de imprensa de antevisão ao Inter-Benfica. Pois eu censuro o Benfica é por não arranjar forma de impedir que certos órgãos de comunicação social entrem nas nossas instalações. E pergunto: por onde andam as preocupações do CNID quando a TVI transmite inadmissíveis peças baseadas em especulações de bota-abaixo o Benfica?
5 Depois de Lionn ter caído no ridículo de dar o dito por não dito, soube-se agora que Salin desmentiu (logo em 2018) que tivesse sido aliciado por César Boaventura para facilitar a vitória do Benfica sobre o Marítimo em 2015-16. Sabíamos como é fácil alguém avançar com denúncias, mais a mais anónimas, de alegados aliciamentos; confirmámos o quanto é fácil jornalistas acríticos - entre eles, lá está, os da TVI - surfarem ondas criadas por agendas anti Benfica.
6 O Benfica precisa, mais logo, como de pão para a boca, dos três pontos correspondentes à vitória sobre o Estoril. Mas não só: precisa também de uma exibição que seja um virar de página rumo ao passado recente, que restitua os abalados índices de confiança - incluindo os de muitos adeptos - rumo ao desejado 38. Que seja Neres, o mais imprevisível de uma equipa que vai pecando pelo excesso de previsibilidade, e mais dez!