Benfica-Cova da Piedade: na Taça sem se despentear
o jogo atacante do Benfica continua sempre mais perigoso a criar "por fora", pelo flancos, sobretudo com as subidas de Grimaldo
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1 - Equipa bem organizada atrás da linha da bola com dois extremos muitos rápidos a arrancar pelos flancos, Vitinho e Fami Balogun, e aí está a arma sempre decisiva para o contra-ataque funcionar. Sem inventar, o Cova da Piedade, num 5x4x1 de plantação defensiva, preparara um plano natural para enfrentar (aguentar e contra-atacar) o poder da equipa grande, o Benfica. No Benfica, Lage fez alterações pontuais por sector, mas não desligou o "piloto automático" dos princípios de jogo do seu 4x4x2 cada vez mais clássico com uma dupla de pontas de lança maioritariamente fixos (por mais que Raúl de Tomás recue para pegar jogo atrás). Vinícius é um bom n.º9, possante e com técnica de controlo em espaços curtos para remate, mas, tal como Seferovic, necessita de ter uma companhia diferente nessa dupla que lhes permita buscar a profundidade que um outro avançado, estilo n.º9,5, lhes podia proporcionar. O Benfica não tem, porém, esse tipo de jogador, nem Lage o tem procurado no "fundo do baú" do plantel encarnado.
Por isso, o jogo atacante do Benfica continua sempre mais perigoso a criar "por fora", pelo flancos, sobretudo com as subidas de Grimaldo. Assim construiu o seu golo, já perto do intervalo, com um aparecimento raro, mas decisivo, de outro "falso ala" de combinações mais interiores, Pizzi.
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2 - O único extremo puro em campo, Caio Lucas, não joga mal, mas o que faz bem parece, quase sempre, desligado da lógica de combinações da equipa. Faz um "jogo de jogadas" mas não promove triangulações. Quase sempre esgota a sensação de perigo no arranque e depois desvanece-se com o seguimento da jogada. No fim, tirando o caso de um ressalto que ainda deixou a bola na área (e foi 0-3) acaba sem acontecer nada de especial. Em suma: no jogo, o melhor extremo do Benfica continua a ser... Grimaldo.
A falha de Tony Baptista, um guarda-redes de que gosto, pela forma como sai da baliza, esticou mal os braços num remate à figura, deu outro golo ao Pizzi "que joga por dentro", um jogador sempre melhor do que o Pizzi "que joga por fora". Entre a presença de Pizzi no meio ou na ala neste 4x4x2, sem um terceiro médio de raiz no sistema, está o equilíbrio ou não do onze encarnado (para criar ou finalizar melhor a atacar e para reagir mais rápido à perda)
O Benfica passou sem se "despentear" pelo alçapão da Taça onde o Sporting caira e agora tem o supremo desafio da Champions, onde se exige, após o que o mundo benfiquista já criou, o upgrade de dimensão internacional. Lage não pode abordar o jogo com o Lyon nem com "piloto automático", nem como um "onze laboratorial". Tem de encontrar mesmo outra via competitiva mais alta (e diferente) para a sua equipa.