As lesões de Salvio e Gaitán podem explicar mudanças, mas não explicam revoluções...
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As lesões de Salvio e Gaitán podem explicar mudanças, mas não explicam revoluções. São coisas diferentes. Mudança soa a imprevisto, que acontece a qualquer um - uma lesão, um castigo e até um erro de casting, como pode ter sido o caso de Bruno Cortez. Acontece. Revolução é mais do que isso, e transformar Cortez no bombo com que se faz a festa toda, além de injusto, só pode dar jeito numa manobra de diversão que queira desviar as atenções do essencial: os defesas do Benfica estão praticamente todos expostos por causa de desequilíbrios antigos. Claro que é impossível ignorar as falhas de Cortez, porque elas entram pelos olhos, mas seria também conveniente não fingir que Maxi Pereira continua a ser tão super como quando estava escudado pela solidez da dupla Witsel-Javi García. Matic é bom, muito bom mesmo, divide-se nos fogos, mas não pode multiplicar-se a apagá-los em todo o lado. As lesões de Salvio e Gaitán sugerem uma pergunta muito simples: à boleia dessa fatalidade abre-se uma oportunidade para Jesus? Reconfigurar o puzzle era urgente antes destes azares e nem um contentor XXL de defesas-esquerdos para queimar e experimentar chegaria para resolver um problema que tem raiz na fórmula. Sempre teve. Comprova-o a acentuada fragilidade de uma defesa onde só a reputação de Garay foi escapando sem arranhões.
Por muitos artifícios argumentativos que tenha e mesmo que o extrordinário talento de Markovic prometa disfarçar com fogo de artifício, há uma coisa que, ainda por cima sem rombos de mercado, Jesus vai ter de ser criativo para justificar: como é que se explica uma revolução só agora? Ou, simplificando, como explicar uma pré-época em setembro?