Azar nosso ter de pagar os prejuízos que a banca teve com o presidente do Benfica
DRAGÃO DO SUL - A crónica de Paulo Baldaia
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Quando Filipe Vieira disparou uma série de alarvidades, na sequência da vitória sem espinhas do FC do Porto, todos pensámos que se devia apenas ao facto de ter ficado claro que o futebol encarnado é um "flop". Afinal, soubemos ontem pelo Expresso, havia razões pessoais para aquela pseudo defesa do Benfica.
Era bom que o governo o ouvisse e fizesse alguma coisa. Atalhando caminho, podiam as autoridades abrir um bocadinho mais os olhos e poupar os contribuintes, pobres e ricos, que vão pagando as restruturações de dívida do presidente do Benfica. A parte do Benfica, devemos deixar que sejam os benfiquistas a resolver.
Agora que o Expresso lhes deu informação sobre a parceria escondida entre Filipe Vieira e José António Santos (principal beneficiário da OPA do Benfica decidida pelo seu presidente) em mais uns negócios imobiliários, uns e outros podiam começar a fazer perguntas. Perguntar não ofende:
1 - Não há um conflito de interesses na existência de sociedades entre os dois e a decisão de um deles que beneficia o outro em milhões de euros?
2 - Se não há conflito de interesses, porque é que o relatório e contas do SLB menciona as empresas de Vieira que tiveram de restruturar as dívidas com o Novo Banco, mas não menciona estas sociedades com José António Santos (JAS)?
3 - O que levou JAS a garantir, para responder à notícia do Expresso, que não vai vender as ações do SLB se já tinha garantido há dois meses ao mesmo jornal que só decidia depois da OPA sair? É que a OPA ainda não saiu, está em avaliação na CMVM.
4 - Quem convidou quem a entrar nestas sociedades? Como foi constituído o capital social?
A criação destas sociedades é anterior à decisão da OPA. Ocorreu em 2017, ano em que o "rei dos frangos" comprou as participações da Somague e do Novo Banco no Benfica por três milhões de euros, as mesmas que agora podem render mais de 14 milhões. Azar do Novo Banco, antigo BES, e azar nosso que temos de pagar todos os prejuízos que a banca teve com o presidente do Benfica e com o Benfica.
As empresas em questão têm nomes muito sugestivos, uma chama-se Sul Crescente e a outra, a mais valiosa, Palpites e Teorias. Sem palas, a maioria dos benfiquistas conseguiria facilmente teorizar sobre estes negócios em que se ganha de um lado e do outro e podia também dar palpites sobre o que tem tudo isto a ver com o SLB . Há uma parte que é só entre eles e há outra que diz respeito a todos nós.
Há que ser justo
A Sérgio Conceição foi-lhe apontado o dedo pelos erros que cometeu, seja nos onze escolhidos para os jogos que o FCP não conseguiu ganhar, seja pela reação que teve depois de alguns desses desaires. Quem anda à chuva, molha-se, e foi isso que aconteceu ao treinador azul e branco.
O que espanta, e me espantou em mim próprio, é que não tenha sido dado o devido realce ao mérito que Conceição teve nas duas lições de futebol que os jogadores do FC do Porto deram aos de São Domingos de Benfica. Tenho de fazer um "mea culpa" e, para ser justo, retomar o jogo passado para lembrar que ele começou a ser ganho pela estratégia que Sérgio Conceição montou, como já tinha acontecido a 24 de agosto do ano passado, quando visitamos o nosso salão de festas na capital.
Se temos dedo fácil no gatilho quando as coisas não correm bem, há que ser justo e exigir-lhe mais vitórias, para que ele exija de nós todos os elogios.