VELUDO AZUL - Um artigo de opinião de Miguel Guedes
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A expectativa é grande e cresce à medida que os protagonistas assumem a importância que atribuem à competição. O FC Porto estreia-se no Mundial de Clubes a 15 de junho e, como muitos dos 32 clubes que participam na prova, tem ambições confirmadas pela História que transporta no emblema e pelo desejo de fazer algo mais pela sua autoestima. Esta será uma competição quase “flash” e fora do tempo, fase de grupos e caminho eliminatório até à final. Qualquer atropelo à concentração competitiva será fatal, até porque não faltará quem queira mostrar serviço.
Ainda com dúvidas sobre a presença de Stephen Eustáquio, convocado para dois jogos particulares da seleção do Canadá (Ucrânia e Costa do Marfim) no momento da viagem do FC Porto para os EUA, são os mais “antigos” de emblema do dragão ao peito a declararem que a equipa vai ao Mundial de Clubes para tentar ganhar a competição. Desde que André Villas-Boas ambicionou publicamente ganhar a Liga Europa que não se via tamanho sentimento de conquista na equipa. A passear mediania durante toda a Liga portuguesa, arrancada da Taça de Portugal sem brilho e da Taça da Liga a destempo, o FC Porto procura agora reconciliar-se com uma alma ganhadora que, resultando da convicção, tem que se fundar em jogo jogado. As palavras de Diogo Costa e Pepê são ambiciosas e quase secundadas por Martín Anselmi. Ciente da importância de deixar uma boa imagem e de, pelo menos, passar a fase de grupos, a resposta implica a mudança de um “chip” que nunca se concretizou esta época. Apesar do que foi, há esperança.
Se o reconhecimento falasse, haveria um jogador em estado de graça, mas não deixado à solta. Rodrigo Mora não pode ser endeusado como aquele que marcará uma era no futebol português. As palavras de Roberto Martínez, de enorme simpatia e (acredito) boas intenções, fazem de Mora um jogador que ainda não é. Dizer que um jovem de 18 anos que teve um final de época brilhante, carregando uma equipa às costas, “vai marcar uma era no futebol português”, é escrever um manual sobre como replicar um Félix ou mais uma aproximação ao falhanço. Que o selecionador lhe abra um espaço na Seleção é da mais elementar justiça. Que lhe dê minutos e confiança é inteiramente desejável. Que seja irresponsável e mitómano na forma como o recebe, é desconfiar de que a propaganda está em alta para a Liga das Nações. A rever, para que não se escreve outra vez, no futuro, apesar do que foi.