TÁTICA DO PROFESSOR - Já me habituei a olhar apenas para os aspetos técnico-táticos dos jogos do campeoanto alemão. Já nem olho ao facto de não haver público. É o novo normal.
Corpo do artigo
1 Enquanto em Portugal estamos a poucos dias do reinício do campeonato, fazendo certamente subir os níveis de ansiedade entre os adeptos portugueses e, claro, entre todos os intervenientes diretos nos espetáculos, no Brasil continua a haver muitas dúvidas sobre quando é que será possível o regresso do futebol, sabendo-se que, dada a dimensão geográfica do país e as diferenças de estado para estado, o reinício não será igual em termos de datas, pelo menos.
O estado de S. Paulo é enorme, e um dos mais afetados pela pandemia.
As ordens do governador têm sido de confinamento absoluto,o que inviabiliza, obviamente, o nosso regresso ao trabalho, havendo alguns indicadores de que poderemos voltar ainda durante o mês de junho, que amanhã começa. As condições para esse recomeço, concretamente do Paulistão, têm estado a ser discutidas entre os quatro presidentes dos principais clubes do estado: Santos, S. Paulo, Corinthians e Palmeiras. Os protocolos para os treinos e jogos, sempre com a segurança de todos os envolvidos em primeiro lugar, e julgo que isso deverá sempre prevalecer em qualquer decisão. Para terminar o Paulistão, a primeira fase, faltam dois jogos, seguem-se depois os quartos, as meias e as finais. E acredito que pelo menos o Paulistão será jogado, mas não sabemos ainda o que acontecerá com o Brasileirão e com a Copa Brasil. Há muito mais dúvidas do que certezas, e é neste quadro que vamos vivendo e que nos vamos preparando para um regresso tão desejado por todos.
2 Num país onde se ama o futebol como a existência, é difícil viver sem ele... Agora vamos matando saudades com o futebol alemão, já que as televisões passaram a transmitir também a Bundesliga. E, no meu caso, pelo menos, já nem olho para o jogo sem público: já me habituei, ao cabo de três jornadas, a olhar apenas para os aspetos técnico-táticos do jogo, para a sua movimentação, para o ritmo. E é cada vez mais verdade aquilo que escrevi aqui no dia a seguir ao primeiro jogo do regresso: as equipas não estão a conseguir evoluir nos processos, precisamente porque o tempo de recuperação foi, é, pouco. A exceção é o Bayern de Munique, que cada vez se distancia mais e se prepara para mais um passeio no campeonato. Há outra evidência: as equipas alemãs estarão mais bem preparadas para as competições internacionais quando chegar o momento. Há uma grande expectativa sobre como se apresentarão as equipas inglesas, espanholas e italianas para jogar o que ainda falta das provas da UEFA, e muito maior expectativa sobre as equipas francesas e belgas, que decidiram já terminar com os seus campeonatos. Não será fácil terem um bom comportamento.
3 E voltamos a Portugal. Quarta-feira é o recomeço da prova, é o regresso de uma luta que ia apaixonante entre FC Porto e Benfica e que assim continuará, mesmo sem público nas bancadas. A emoção será mais em casa das pessoas ou nos locais públicos onde a emissão possa ser vista, mas o que mais desejo, sinceramente, é que todos os protocolos de segurança sejam cumpridos, de forma a que os intervenientes no jogo não tenham de estar preocupados com outras questões que não sejam apenas os jogos em que vão participar, para bem da verdade do futebol e, essencialmente, dos seus praticantes.