HÁ BOLA EM MARTE - Um artigo de opinião de Gil Nunes.
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De louco o guarda-redes tem um pouco ou então o seu contrário. Parece não haver posição no campo tão ligada à razão como a de guarda-redes.
Com a lesão sofrida na pré-temporada e a titularidade urgente frente ao Braga, o Sporting afirmou o completo Adán como essencial para a sua época.
A questão é que o espanhol entrou em ciclo negativo e, para além do colapso em Marselha, perdeu frente ao FC Porto quando o jogo pediu o fator guarda-redes.
Perdeu para Diogo Costa, o melhor da liga e um dos melhores da Europa. Controlo do espaço, comando da linha defensiva para zonas confortáveis e um jogo de pés que faz com que os dragões ataquem sempre com mais um em campo. Algo que não acontece com Odysseas.
O guardião do Benfica fez a diferença frente ao PSG, da mesma forma que também fez frente ao PSV na temporada passada. Odysseas faz a diferença quando o Benfica tem de se colocar na posição de "dominado", pois não treme e tem agilidade tremenda entre os postes. A questão é que joga numa equipa grande e, às vezes, tais atributos não chegam. Pede-se mais. E sempre.
8 Buntic: por falar em guarda-redes...
O guardião do Vizela é uma das boas surpresas da temporada e, frente ao Portimonense, fez completamente a diferença a favor da sua equipa. Desde manchas eficazes no duelo com Yago a voos espetaculares a remates de fora da área, Buntic segurou a vitória mesmo ao cair do pano com uma grande defesa mesmo em cima da linha de golo. Também competente frente a equipas de maior dimensão, registo para as exibições sólidas diante de FC Porto, Benfica e Braga (onde quase valeu o empate) e para a imagem de marca de um jovem de 25 anos que se celebrizou na Alemanha após ter marcado um golo no último minuto. Por cá segue a bom nível!
7 Abel Ruiz: dizer presente!
Apesar de estar algo tapado pelo êxito da dupla Vitinha - Banza (que se complementa de uma forma quase perfeita), o avançado espanhol Abel Ruiz tem recusado o rótulo de solução de emergência. Porque sempre que é chamado tem correspondido de forma muito assertiva: frente ao Saint-Gilloise mais um golo de belo efeito, recuando inteligentemente após conquista da linha por parte de Vitinha, num movimento muito semelhante ao que realizou no lance do golo frente ao Sporting. Bom na exploração de profundidade e entendimento com os médios, Ruiz representou um sinal positivo numa exibição azarada do Braga: menos sólido mas ainda assim superior aos belgas.
8 Rodrigo Conceição: cubo de gelo
Num desenho tático portista que pressupõe laterais em constante pressão e rotação, o crescimento de Rodrigo Conceição tem sido determinante. Apesar de ter levado com Rui Gomes na sua área de ação não se atemorizou, oferecendo clarividência e intensidade ao flanco direito, como aliás ficou patente no lance do golo de Otávio. Acima de tudo, o rendimento de Rodrigo permite que o corredor direito possa ser devidamente refrescado, isto depois de João Mário ter reaparecido em bom plano frente ao Leverkusen. Muito confiante, não hesita no duelo individual e, depois de Estoril e Braga, mostra argumentos para se cimentar na equipa.
O segundo teste de um novo central
Se há uns meses era o jovem ambicioso a fazer a pré-temporada, hoje é uma principais figuras do Benfica. Num estilo que surpreende pela maturidade com que sobretudo constrói, respondeu de forma plena frente a equipa de maior dimensão. Resta uma dúvida: como vai reagir António Silva quando errar e tiver de se levantar?