TÁTICA DO PROFESSOR - A crónica semanal de Jesualdo Ferreira
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1 - Não deixa de ser curioso que a FIFA se tenha decidido por autorizar excecionalmente cinco substituições por jogo, dando liberdade às federações para implementarem ou não esta nova regra, feita à medida dos extraordinários tempos que vivemos. Julgo que a FIFA pensou, desta vez, no futebol, nos jogadores e na competição.
Um maior número de substituições vai permitir-nos aumentar os ritmos competitivos enquanto se reduz o risco de lesões
Aqui no Brasil, quando foi da iminência do regresso da competição, aí por meados de abril, num grupo privado de uma rede de comunicação dos treinadores do campeonato paulista em que eu estava inserido, naturalmente, sugeri algumas medidas que entendia, e entendo, como essenciais para um regresso seguro. Partilho com os meus leitores esse "documento", baseado em quatro ideias:
1- SEGURANÇA: Exames e controlo semanal de todos os participantes; 2- O TREINO E O TRABALHO DE CAMPO: Tempo para treinar suficiente para rendimento e prevenção de lesões; 3- A COMPETIÇÃO: Calendário do Paulistão e relacionamento com as restantes competições para que haja harmonia e sequência no trabalho dos jogadores; 4- AJUDA À COMPETIÇÃO: Permitir aumentar para cinco, mais o guarda-redes, o número de substituições para esta prova garantindo a maior participação de jogadores e permitir assim melhores recuperações entre jogos, que vão ser muito curtas. Podemos com isso aumentar os ritmos competitivos e baixar o risco de lesões.
Julgo que algumas destas minhas ideias sejam partilhadas por quem, como na Alemanha ou em Portugal, está a trabalhar para o regresso à competição
Estes foram os meus contributos partilhados com os treinadores do Paulistão, ideias que seriam para apresentar à Federação antes do regresso aos trabalhos. Infelizmente, esse regresso não tem ainda data definida, porque entretanto o governador do Estado de S. Paulo obrigou ao confinamento absoluto, face à gravidade da pandemia e aos elevados riscos de contágio. Julgo que algumas destas minhas ideias sejam partilhadas por quem, como na Alemanha ou em Portugal, está a trabalhar para o regresso à competição. Concretamente a questão das cinco substituições já a coloquei há algum tempo, ainda não sonhávamos com esta tragédia, até nestas páginas, e que se tornam muito mais assertivas perante um quadro competitivo de alta intensidade. Dar a possibilidade aos treinadores de colocarem mais jogadores em ação ajuda na recuperação entre jogos, dá maior capacidade de rendimento aos jogadores, e dá mais ritmo aos próprios jogos, que é isso que se quer num jogo de futebol.
Neste momento continuamos na expectativa em saber quando vai regressar a competição no Brasil mas creio que as ideias que apresentei no grupo de treinadores do Paulistão terão de ser sempre no mínimo discutidas e preferencialmente observadas, a bem de todos, a bem da competição, do futebol e dos profissionais. Sim, concordo em absoluto com o aumento do número de substituições.
Já abordei em fóruns da UEFA, quando treinava o FC Porto, a questão das cinco substituições mais o guarda-redes
2 -Não sei se repararam mas coloquei nas minhas ideias a substituição de cinco jogadores mais o guarda-redes. E por quê? Normalmente, só quando o titular se lesiona ou então em jogos das taças é que há mudanças na baliza. Um treinador poder substituir o guarda-redes, quando entender, vai possibilitar dar mais tempo de jogo a quem normalmente só joga por uma qualquer circunstância. Também não é uma ideia de hoje e sei que alguns treinadores concordam comigo, porque já abordei esta questão nos fóruns da UEFA quando treinava o FC Porto.