Aprecio muito a sinceridade de Roger Schmit, que chega a parecer ingénua
A JOGAR FORA >> Por onde anda a nossa pressão alta e aquela reação muito rápida à perda de bola com que abafávamos adversários?
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1 - Aprecio muito a sinceridade de Roger Schmit, que chega a parecer ingénua à luz dos habituais dribles comunicacionais dos treinadores cá da terra: “O mais desapontante na terça-feira foi a falta de mentalidade, de união no campo e espírito desde o início.” Como não concordar: num jogo de tudo ou nada, conseguimos fazer pouco mais do que ver a Real Sociedad jogar. Reparem neste significativo indicador: sendo totalmente dominados, fizemos a enormidade de 5 faltas; eles tiveram 68% de posse de bola e fizeram 15. Preciso de escrever mais?
2 - Volto a Roger Schmidt: “Não precisamos de um milagre, sabemos o que temos que fazer e amanhã vamos mostrar outra cara.” Não se notou, vimos a mesmíssima cara até aos 81 minutos, momento do golo do empate do Casa Pia. Nem o penálti defendido por Trubin serviu de alerta, espevitou a equipa, fez com que fossem para cima do Casa Pia à procura do golo da garantia dos três pontos. Por onde anda a nossa pressão alta e aquela reação muito rápida à perda da bola com que na época passada abafávamos adversários, da Liga ou da Champions, no meio-campo deles? Por que é que o mesmo treinador e a quase totalidade dos mesmos jogadores esperam pelos adversários e pressionam à vez e não em bloco?
3 - Há dois nomes incontornáveis, seguramente os mais incontornáveis, para que o atual estádio da Luz viesse a ser uma (improvável) realidade: Luís Filipe Vieira, o pai da solução económico-financeira, e Mário Dias, infelizmente já desaparecido, o pai da obra. Muito grato, enquanto benfiquista, aos dois, e a todos os demais que contribuíram para que em 2003 o Benfica não ficasse, irremediavelmente, a marcar passo na história.
4 - O futebol que ponha os olhos nas arbitragens do râguebi, nomeadamente na transparência com que mostram imagens e tomam decisões. Pergunta-se: como é que as câmaras e as realizações deles conseguem captar e colocar à disposição do VAR - e dos espectadores! - pormenores tão importantes e decisivos no meio daquelas molhadas e no futebol chegamos a ter lances dentro da área, à vista de todos, cujas imagens não conseguem esclarecer-nos? (Um exemplo? O penálti favorável ao FC Porto em Vila do Conde.)
5- Se existissem dúvidas de que André Villas-Boas está em desenfreada campanha eleitoral, ele tratou de as tirar: “O Benfica tem tendência para estar acima da lei e prevaricá-la.” Agora, um dos nossos passatempos prediletos vai ser contabilizar quem mais ataca o Benfica daqui até ao dia do voto nas eleições do FC Porto. Curiosamente, não ouvi na campanha que levou Rui Costa à presidência uma, e repito uma só referência ao FC Porto - e tanto, mas tanto haveria para dizer. É também por isso que o Benfica é grande, o maior de Portugal, e é também por isso que tenho tanto orgulho em ser benfiquista!