HÁ BOLA EM MARTE - Um artigo de opinião de Gil Nunes.
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É certo que tanto se é campeão por dois ou vinte pontos. Mas nunca se começa uma liga do zero. A avaliação é contínua. , a partir daí, o passado começa a apresentar as suas conclusões.
Algumas anotações: o Benfica que terminou a liga do ano passado não era mais forte do que aquele que a iniciou, sendo que cabe ao treinador potenciar uma trajetória de crescimento.
E tudo está bem quando acaba bem: o Benfica renovou com Schmidt numa altura em que dispunha de dez pontos de vantagem em relação ao FC Porto e ainda estava nos quartos da Liga dos Campeões. Ou seja, se o Benfica não tivesse sido campeão, aquela que foi uma operação de circunstância representaria hoje uma barracada de todo o tamanho.
Com FC Porto, Sporting e Braga a crescerem e a blindarem-se contra imponderáveis do mercado, a dúvida existe: será que Schmidt consegue desenvolver a equipa? Ainda por cima quando tem terreno livre: sem a pressão de outrora para se qualificar de imediato para a Liga dos Campeões, de que forma o técnico vai desenhar um Benfica mais flexível taticamente?
8 Ristic: eu estou aqui
Na temporada passada as lesões não ajudaram, mas não deixa de ser verdade que Ristic fez apenas dez jogos oficiais, isto num contexto em que a saída de Grimaldo era um desfecho previsível e a necessidade de se apostar numa solução alternativa era quase obrigatória. Seja como for, a nova temporada parece estar a correr de feição a Ristic. Se no primeiro golo, diante do Southampton, iniciou a transição ofensiva com um preciso passe longo, já o segundo tento teve a sua assinatura: remate pronto e determinado que não deu hipóteses de defesa ao guarda-redes. Com Neres em bom plano e Kokçu a mostrar os primeiros atributos, o primeiro jogo do Benfica deixou premissas interessantes.
8 Chermiti: crescer em segurança
A contratação avultada de Gyokeres significa que o Sporting carece urgentemente de avançados com golo? A resposta é não. É lógico que o maior dos contra-argumentos é a eliminatória diante da Juventus, onde um avançado com golo teria rapidamente "despachado" os italianos e conferido justiça ao contexto. A melhor resposta, no entanto, parece ter dois caminhos: em primeiro lugar, a aposta clara num avançado sueco tarimbado e frio na hora da finalização; depois, a construção de uma rede de segurança ao desenvolvimento tranquilo de Rodrigo Ribeiro e Chermiti. Sobre este último, entrou na nova época em bom plano, assinando um "hat-trick" frente ao Estrela da Amadora.
9 Gustavo Sá: brilhante
A prestação da Seleção de sub-19 tem sido fantástica num duplo registo: jogar de forma eficiente e pragmática, e ainda por cima apresentando uma qualidade de jogo que a torna na seleção com o futebol mais atrativo da competição. Um dos nomes em destaque tem sido o de Gustavo Sá. E não é caso para menos: o médio do Famalicão recupera, constrói, tem critério e, ainda por cima, tem sempre golo nos pés. Diante da Noruega, inaugurou o marcador após pressionar alto o guarda-redes e, além disso, foi sempre um dos principais intérpretes de um jogo ofensivo criativo e dinâmico. Produto das escolas do Famalicão, tem tudo para se afirmar ao mais alto nível.
FC Porto: com critério
Sem megalomanias, com critério e deixando de lado aquele pensamento sôfrego de que tem de vender para não se entrar em incumprimento. A entrevista de Fernando Gomes tranquilizou as tropas. Veja-se a época passada: com plantel esticado ao máximo, os dragões ficaram apenas a dois pontos de um Benfica com melhor plantel.