"Alaphilippe, Alaphilippe, vai Philippe, vai Philippe"... Imagino o ciclista gritar o próprio nome em pensamento, enquanto acelera estrada acima, confundido-se esses seus gritos mudos com os do público que logo que o viu acelerar começou a sonhar com uma vitória francesa. E que grande vitória a do pequeno escalador da Quick Step na primeira etapa alpina do Tour, que não só não defraudou as expectativas como foi mesmo um grande espetáculo. Alaphilippe jogou os trunfos na altura certa, atacando na fuga na penúltima subida no que se julgava ser uma aposta para a camisola da montanha e depois ganhou a etapa com outro ataque, desta vez a descer (irónico para um trepador, não?), provando haver espaço para o fator surpresa num ciclismo atual dominado pelo calculismo dos medidores de potência e da apologia dos ganhos marginais.
"Chapeau" também para a atitude de Van Avermaet - quem sabe conheça provérbios portugueses -, a mostrar que só mesmo o peru morre de véspera. No dia em que era suposto despedir-se da camisola amarela... disparou primeiro, preferindo "morrer" com as botas calçadas. Não só sobreviveu como ganhou mais tempo ao segundo classificado, Geraint Thomas.
Quarta-feira, porém, tudo deverá ser diferente, pois a última montanha não estará a 14 quilómetros da meta, como hoje, mas coincidirá com a mesma. São esperadas as primeiras verdadeiras definições entre os candidatos e, eventualmente, um primeiro episódio da mais aguardada novela latente deste Tour: a disputa pela liderança da Sky, que neste momento, como dita a estrada (e disseram os responsáveis da equipa) pertence a Geraint Thomas, mas Froome é Froome. Ou seja, o número 1.
