Uma coisa é o inegável currículo europeu do FC Porto, outra são os resultados excecionais de um treinador que aceitou o desafio da Liga dos Campeões. Amorim tem um modelo à disposição
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Não são apenas os treinadores, como Rúben Amorim, que subestimam a Liga dos Campeões e a Liga Europa.
O FC Porto de Sérgio Conceição mereceu o habitual cortejo de geneticistas que, em muitos casos, serve para escarnecer do mérito do treinador.
Disseram-se e escreveram-se coisas sobre Dínamo de Kiev, Ajax e Estrela Vermelha, nesta última semana, que são o equivalente a entrar em campo com sete avançados contra o Bayern. O detalhe de terem sido campeões os três foi, em geral, descartado e históricos recentes, como os dois anos de folha limpa do Estrela em Belgrado, reduziram-se, quanto muito, a notas de rodapé.
O FC Porto de Sérgio Conceição mereceu o habitual cortejo de geneticistas que, em muitos casos, serve para escarnecer do mérito do treinador. Sim, no FC Porto a Liga dos Campeões sempre foi levada muito a sério, mas o ADN do clube é uma coisa e os resultados de Conceição são outra. Eles destacam-se mesmo num currículo tão poderoso como o do FC Porto. No Dragão, na Luz ou em Alvalade nunca houve números parecidos com os dele. Não é ADN, é ASN: ácido sérgionucleico. O que não significa que Sporting e Benfica não tenham um problema de cultura europeia perdida e até, no segundo caso, um treinador (Jesus) que tomou a opção de nunca, sequer, tentar resolver o enigma português da Liga dos Campeões. Limitou-se a fugir dele, de várias maneiras.
O que fará destes jogadores do Sporting melhores futebolistas no futuro (e do Sporting melhor equipa)? Serem corajosos ou serem inteligentes?
Amorim está numa situação parecida: criados uma equipa e um sistema que funcionam muito bem na Liga portuguesa, será seguro desvirtuá-los para jogar de outra maneira lá fora? Depois do colapso com o Ajax, Rúben enalteceu a "coragem" dos seus jogadores e a coragem conta, mas nem o futebol é o Vietname do final dos 1960, nem a coragem é o traço de caráter mais difícil de gerar nos relvados. O que fará destes jogadores do Sporting melhores futebolistas no futuro (e do Sporting melhor equipa)? Serem corajosos ou serem inteligentes?