Sérgio Oliveira é o jogador do momento na época e o único dos grandes na seleção. Não é um fenómeno repentino. O valor pode ser uma coisa tão codificada?
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1 - Existem jogadores "cabeça dura". São difíceis de mudar. Ninguém gosta deles porque, mesmo sem suscitar essa admiração, podem mudar um jogo. Então, a alegria sentida por quem antes desdenhava dele quase dá raiva. Como se a inveja fosse a homenagem com que a mediocridade consagra o talento. Não é saudável determo-nos nas "pequenas maldades" que se escondem na vida, jogos e carreira dum jogador. O futebol é assim de irracional.
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2 - Sérgio Oliveira. O "jogas tanto!" com que Pepe o incentivava nascia da sensação que ele provocava. O seu potencial dava para muito mais. No ritmo e na influência (competitiva e amplitude de espaços) em todo o jogo. Hoje é visto (quase) como indiscutível.
A sua essência de jogador, porém, não mudou. Continua com o estilo de quem vê o jogo "sem abrir muitos os olhos". Nunca ninguém o definiu com a palavra intensidade: a password que, no "intenso" futebol moderno, identifica o melhor jogador mais competitivo. Sobretudo para quem o "estilo-Porto" tem de ter, acima de tudo, raça genética a "comer a relva" e, junto, todos os adversários.
Mais do que a física, subiu a sua intensidade de jogo. A que marca a diferença pela qualidade (e não pela "quantidade" de pegadas na relva). É a personificação e prova de como, no melhor "transfer" do jogador-jogo, a intensidade é... relativa. É essa mesma sensação que leva agora Pepe a gritar-lhe "fica". Porque no atual FC Porto pós-Danilo (e já na segunda época sem Herrera, o seu parceiro de dupla no primeiro título) ele é a base para o equilíbrio tático da equipa (aquele que a vê globalmente melhor) atrás da linha da bola.
O FC Porto ganhou dois campeonatos nas últimas três épocas, mas Sérgio Oliveira foi campeão nas três
O FC Porto ganhou dois campeonatos nas últimas três épocas, mas Sérgio Oliveira foi campeão nas três (venceu a Liga grega, no PAOK, na época em que, sem lógica, saiu a meio). Raramente no futebol algo assim acontece por acaso.
3 - Fernando Santos desvalorizou a questão de só estar um jogador (Sérgio Oliveira) dos clássicos grandes na seleção. Quis, dessa forma, sobretudo fugir ao risco de responder com uma ou duas frases soltas que, fora do contexto, fossem mal interpretadas.
A questão exige um debate mais profundo e reflete tanto uma realidade financeira como desportiva. Se a primeira é, no "grande mercado", incontornável para um país fabricante-vendedor, a segunda exige maior sensibilidade (e agilidade) de gestão na formação e sustentação (com política desportiva articulada) de alguns desses talentos por mais tempo. Até porque muitos saem precocemente para compensar erros de faraónicos gastos anteriores (vícios caros) com contrações de estrangeiros com valor de afirmação duvidoso. É demasiado evidente.