SENADO - Um artigo de opinião de José Eduardo Simões.
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Muito bem Porto e Braga (que escusava de causar sobressaltos aos seus adeptos nos penáltis) ao eliminarem os adversários Lázio e Sheriff, garantindo assim o acesso aos oitavos de final da Liga Europa.
O novo formato de colocar em confronto os terceiros classificados dos grupos da Champions com os segundos dos grupos da Liga Europa é mais exigente e obriga os clubes a fazerem pela vida e tentar pontuar o máximo possível para não caírem na lotaria desta eliminatória.
Com todas as equipas apuradas e emparelhadas pelo sorteio vê-se que a Champions tem o naipe dos maiores clubes mas a Liga Europa está igualmente bem recheada. Vai ser interessante seguir os percursos de Porto e Braga agora contra os franceses do Lyon e do Mónaco, dois clubes que estão fazer um campeonato abaixo das expectativas. Já agora, diga-se que esta é uma das vantagens da centralização de direitos de transmissões televisivas e da consequente distribuição equilibrada das verbas por todos os clubes, pois permite que actores diferentes tomem o palco e alcancem resultados antes impensáveis. Por cá, entretanto, alargou-se o grupo de trabalho, vai voltar-se a estudar muito bem e com muita calma, pois o que mais importa é que se atrase ao máximo um qualquer modelo de centralização e distribuição e as desigualdades se prolonguem ao máximo no tempo.
O Benfica esteve melhor do que se antecipava e tendo em conta o fraco percurso caseiro. O Ajax esteve melhor e parece ter mais argumentos para seguir em frente, mas os encarnados mostraram muita vontade e determinação e ficaram a perceber que a eliminatória está longe de se considerar decidida, ao contrário do Sporting face ao City.
Para a classificação de Portugal no ranking da UEFA é importante que o Benfica siga em frente, pois a Holanda está atrás de nós e quase a morder os calcanhares, tal como é crucial que Porto e Braga eliminem os franceses. Não nos esqueçamos que, no início da temporada, conseguimos ultrapassar por uma unha negra o 5º lugar da França, mas na campanha europeia das fases de grupos os gauleses estiveram melhor, recuperaram a posição e cavaram um fosso no ranking que interessa diminuir.
Neste mundo desportivo que felizmente se resolve dentro das 4 linhas com erros que não são clamorosos (como outrora, lá como cá), o horizonte tolda-se com nuvens negras. A final da Champions já não será em S. Petersburgo, mudada que foi para Paris. A Polónia recusa-se a jogar com a selecção da Rússia o play-off de acesso ao Mundial do Catar, posição que provavelmente será seguida por Suécia e República Checa e aceite pela UEFA; os alemães do RB Leipzig disseram que não jogarão em Moscovo, e a UEFA já deu a entender que secundava esta pretensão, estando em cima da mesa que a 2ª mão se dispute em campo neutro. Isto para já, pois sanções como a exclusão de clubes e selecções (e mesmo atletas individuais) da Rússia das competições europeias e mundiais, a que se seguiria o mesmo tratamento para a Ucrânia se perder a independência face à ocupação, serão muito prováveis. Por outro lado, o Grande Prémio de F1 previsto para a Rússia foi cancelado e será substituído por outro país (se for Portugal será excelente). Estamos apenas no início desta nova era.
Conviria que os clubes europeus, organizações, entidades e governos decidissem no mesmo sentido quanto a donos de clubes e empresas, patrocínios publicitários e tantas questões que podem levar a não decidir com isenção e a haver troca de favores. São dezenas de milhares de milhões que estão em jogo. Será que a UEFA tem coragem para rescindir a publicidade com a russa Gazprom? Ou o governo britânico a retirar a posse do Chelsea a Abramovitch, entre tantos casos análogos? Vamos ver até onde vai a decência, a integridade e a coragem...