VELUDO AZUL - Opinião de Miguel Guedes
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Não a seleção natural de Darwin mas sim a do jogador com o mesmo nome que faz o Liverpool perder a cabeça e, muito provavelmente, abrir os cordões à bolsa, largando milhões pela sua qualidade indiscutível. Ele, que ombreou com Luis Díaz como o jogador mais valioso da Liga, até o colombiano subir a um patamar que é só dele, destacando-se largamente até à saída para os "reds".
Dois jogadores diferentes, cada um com o seu dínamo interior de explosão, ambos a habitar o onze de Jurgen Klopp na próxima época. A comparação é inevitável. Pelo valor intrínseco dos atletas, pelo igual rumo e destino e pelos valores eventualmente díspares das contratações. A lei da oferta e da procura aparenta ter desvios de monta.
O mercado tem "timings" e conta tanto com a vontade de quem compra como com a necessidade de quem se vê obrigado a vender em momentos de aperto. O encaixe financeiro com a venda de Díaz - realizado a meio da época e fazendo soar os alarmes para uma quebra de competitividade do FC Porto - é insuficiente para balanço se comparado com os valores que se atiram para a mesa no negócio de Darwin. A confirmar, nos próximos dias.
Se a quebra da equipa não se confirmou (pelo contrário, outros jogadores assumiram papéis que alicerçaram a justíssima conquista da Liga e da Taça de Portugal), nunca se sabe até onde iria o FC Porto com a manutenção de Díaz até ao final da temporada, nomeadamente na Liga Europa.
Com características mais raras no futebol moderno do que Darwin, sente-se o amargo de boca. A forma como o jogador chegou, viu e venceu em Inglaterra, não espanta ninguém senão aqueles que não o viram rebentar na Copa América depois de um ano com Sérgio Conceição. O que só vem confirmar que o tesouro saiu precocemente da arca. Algo só possível pelo equilíbrio financeiro que não se conseguiu adiar, reforçado com a eliminação precoce na fase de grupos da Liga dos Campeões.
A seleção natural indica Luis Díaz como o ser mais forte na teoria da evolução. Sente-se que Darwin Núñez, aos 22 anos, deverá crescer futebolisticamente mas não é dado adquirido que seja peça de encaixe perfeito, tendo em conta a valia da concorrência numa equipa como a do Liverpool. Aos 25 anos, Luis Díaz já é uma certeza cintilante e arrasta toda uma equipa pelo seu génio, mas ainda promete mais e melhor. Quem compra não desconhece, quem vende está farto de saber. O momento e a especulação fazem o resto.