Se será ou não uma seleção vencedora, veremos depois, mas a Espanha voltou a conseguir juntar duas dezenas de talentos imensos, com uma diferença: Barcelona e Real Madrid passaram a minoritários.
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A seleção espanhola que venceu o Euro'2012, contra a Itália, tinha seis jogadores do Barcelona, quatro do Real Madrid e um do Manchester City.
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Dos onze, só Xabi Alonso (Real Sociedad) e David Silva (Valência) não haviam passado pela formação de um dos dois porta-aviões. A que voltou a vencer ontem a Itália, meses depois de ter perdido a meia-final do Euro, era composta por dois jogadores do Barcelona, nenhum do Real Madrid, e seis elementos formados por clubes de segunda linha, como o Osasuna, o Athletic de Bilbau, o Villarreal e o Valência.
Marcos Alonso e Sarabia, das escolas merengues, fizeram ambos um jogo pela primeira equipa do Real, algures nos inícios da última década, antes de serem mandados à vida deles. Pedri, que não esteve ontem mas é o grande talento desta equipa, cresceu no Las Palmas. Em 2012, só David Silva jogava fora de Espanha. No onze de ontem, metade dos jogadores eram emigrantes, quatro deles em Inglaterra (o outro é Sarabia).
No banco, as proporções aumentam. Sete dos doze suplentes jogam no estrangeiro e só três saíram das escolas do Barcelona (dois) e do Real Madrid. A influência basca é maior do que a dos madrilenos. São mudanças muito profundas que falam de uma liga completamente alterada, dez anos depois da era dourada da seleção de Espanha. Refletem uma guerra de campeonatos que os espanhóis estão a perder por goleada com os ingleses e que teve o seu prenúncio nas negas sucessivas que o Real Madrid recebeu de vários treinadores. Cristiano Ronaldo partiu há muito, Guardiola já lá não estava e nem Messi foi possível segurar.
A boa notícia é que a excelência da formação dos clubes limítrofes garante outra seleção espantosa. A má é que ainda a equipa está no início e, para ver jogar metade dos craques que a compõem, os espanhóis já precisam de assinar a Premier League.