PASSE DE LETRA - Um artigo de opinião de Miguel Pedro
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Que semana, esta! Depois do jogo final do campeonato, que foi emocionante, o certo é que o cortisol do adepto ainda subiu mais ao longo da semana. Desde logo, por um facto que pode ter passado despercebido: o SC Braga sagrou-se campeão europeu de corta-mato feminino de 2024. Em comunicado, a World Athletics explica que, tendo a equipa turca sido desqualificada por doping de uma das suas atletas, a equipa do SC Braga foi considerada a vencedora do troféu do ano passado. É, assim, bicampeã europeia, pois, agora, juntou o título de 2025 (que venceu na corrida) ao que lhe foi atribuído na secretaria. E já são nove (!) os títulos de campeão europeu que as “meninas” do Braga, desde a década de 80 do século passado, já depositaram na nossa galeria de troféus.
Depois, claro, a saída de Carvalhal a mexer com as emoções dos adeptos. Como é hábito entre braguistas, que partilham o valor do bom-senso e da empatia humana, a saída de Carvalhal foi comunicada de forma exemplar, de um lado e do outro. Não conheço com rigor o trabalho feito pelo treinador bracarense em todas as etapas da sua carreira, mas formei a firme convicção de que foi nesta passagem pelo SC Braga que demonstrou a sua extrema competência, não só na sua vertente técnica, mas como líder de equipa. No seu conjunto, o plantel 2024/25 tinha muitas lacunas e, na minha opinião, incompletudes.
Um dos principais “defeitos” (não quero com isto pessoalizar em nenhum jogador em particular) foi a falta de talento no momento decisório, no último terço do campo. Faltou “poder de fogo” atacante ao longo da época. Penso que Carvalhal extraiu de todos os jogadores o seu melhor, penso isso sinceramente, o que foi visível na entrega e dedicação de todos os jogadores. Só isso explica que, apesar das debilidades do plantel, tenhamos conseguido um dos quartos lugares mais “fáceis” de sempre, pois foi assegurado pontualmente quando ainda faltavam quatro jornadas para acabar o campeonato e o Braga discutia o terceiro lugar.
Ficou, mais uma vez, a marca especial do treinador, de uma forte vocação para arriscar em novos jogadores, numa incessante busca por talento que possa alicerçar as bases de uma equipa competitiva e com um futuro. Será essa, aliás, a missão que espera o próximo treinador: uma ligação contínua e dialética entre “formação-competitividade-resultados”, pois com o início deste novo mandato presidencial de António Salvador, a fasquia de exigência dos adeptos foi elevada substancialmente.