VELUDO AZUL - Uma opinião de Miguel Guedes
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A primeira vez é um reencontro, mas parece sempre uma estreia. As avaliações dos primeiros testes de pré-época são isso mesmo, um primeiro olhar para o que já vimos. Podemos estar perante velhos conhecidos como Taremi ou Diogo Costa, o regressado Romário Baró ou o verdadeiramente novinho-em-folha Fran Navarro. O olhar é sempre preso aos detalhes, ao pormenor que se mostra ou revela e às primeiras impressões. Voltamos à redescoberta do que já se conhece, à procura de reencontrar o acerto ou em busca de redenção. Ainda não foi o momento de Grujic.
Nem um golo sofrido. O FC Porto avança na pré-época sem sofrer um único golo e já lá vão 5 jogos. Passeando entre adversários mais acessíveis, ainda assim, é digno de nota: 17 golos marcados e a baliza inviolável. Curioso pecúlio para uma equipa que denotou algumas dificuldades defensivas em resistir coesa, na primeira parte, enquanto a força física dos galeses de Cardiff não se esgotou. É verdade que há um Porto de honra com Otávio em campo, como se viu na segunda metade, e um FC Porto sem ter quem faça determinante diferença no meio-campo, sem ele, nesta fase. Sendo confirmados os reforços de que tanto se fala, a povoação no cérebro do jogo estará entregue a mais capacidade e leitura: Nico González, por exemplo, pode suprir a saída de Uribe com crédito. A dupla Otávio/Eustáquio aguenta as pontas e André Franco procura afirmar-se. A manta não se compõe de retalhos, mas é ainda obviamente curta.
Entrar, marcar ao segundo toque e com nota artística de oportunismo e capacidade técnica é o melhor tónico para eventuais ansiedades. Acabado de desaguar no jogo, Fran Navarro abre o livro com esplendor e cria boas dores de cabeça a Sérgio Conceição. Com Toni Martínez e Taremi em bom nível, a opção Navarro é mesmo uma mais valia. Resta saber se com Namaso e Evanilson, não teremos quantidade a mais para dar e... vender.
Com Iván Jaime de saída do Famalicão, é uma pena que não encaixemos excedentes quando temos que pensar em vendas. O médio ofensivo/segundo avançado é um dos jogadores que poderia encaixar como uma luva na equipa, permitindo novas abordagens a Conceição e diferentes soluções dentro do seu paradigma de jogo. Num processo em curso e em velocidade. O encontro com o Worverhampton será, neste contexto, um teste de afinação sem parâmetros. Ainda falta algo do que virá a ser essencial. O tempo urge para decisões. Na antecâmara da competição, um jogador de meio-campo precisa de algum tempo para ganhar, a pulso, a sua zona de influência.