O JOGO DO LEÃO - Uma opinião de Manuel Moura dos Santos
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A pré-época do Sporting terminou sem que se possa dizer que tenha sido especialmente animadora. Exibições cinzentas e resultados escassos foram o traço comum dos jogos realizados. Podemos encontrar atenuantes para justificar uma pré-epoca tão cinzenta, sobretudo o cansaço acumulado, causado por uma preparação intensa. No entanto, isso não justifica tudo. A minha equipa conquistou o troféu Cinco Violinos, mas a exibição deixou muito a desejar e o resultado foi lisonjeiro. Tanto com Sunderland como com o Villarreal, o Sporting foi pouco perigoso, criando poucas jogadas de golo. Em ambas as ocasiões marcou um golo, e ficou mais de 80 minutos a ver jogar. Se com o Vitória de Guimarães esta estratégia funcionava, com o Sporting não está a funcionar.
A pré-época foi demasiado marcada pelo assunto Gyokeres, desde a sua ausência no estágio do Algarve, até ao desenrolar do processo de transferência do jogador sueco. O conflito entre o Sporting, o agente, e o próprio jogador, não beneficiou a equipa. Ainda que o processo esteja terminado, há sempre danos colaterais que se reflectem no ambiente do plantel. Frederico Varandas é o grande vencedor desta contenda, ao obrigar o Arsenal a aceitar os termos por si definidos para transferir o jogador sueco. Não tenho dúvidas que a sombra de Gyokeres pairará sobre Alvalade durante algum tempo. A sua influência no jogo do Sporting foi tão importante que o efeito Gyokeres deixou uma marca que demorará a curar. Na óptica dos adversários da minha equipa, a transferência do jogador sueco terá sido “a melhor contratação” da pré-epoca. Cabe ao Sporting provar que mesmo sem Gyokeres é, internamente, candidato a ganhar tudo.
Pedro Gonçalves é demasiado importante para o jogo do Sporting para que a sua capacidade para jogar não seja devidamente aproveitada
A equipa não parece ter ainda assimilado o novo sistema de jogo que o treinador leonino quer impor. O caso mais complicado parece ser o de Pedro Gonçalves que dá a sensação de andar perdido em campo. Pedro Gonçalves é demasiado importante para o jogo do Sporting para que a sua capacidade para jogar futebol não seja devidamente aproveitada. Conrad Harder tem muitas dificuldades em jogar de costas para a baliza adversária, ao contrário do seu antecessor. O seu jogo é substancialmente mais perigoso se lançado em profundidade. Anunciam-se, para muito breve, as contratações de um ponta-de-lança e de um lateral-direito que poderão trazer uma nova dinâmica à equipa. Não questiono a entrada de novos jogadores, mas não tenho dúvidas que os que já lá estão, são capazes de muito mais e melhor.
Até para a semana.