PONTAPÉ PARA A CLÍNICA - Um artigo de opinião de José João Torrinha
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No momento em que vão sendo desfiadas as primeiras contratações (nas pessoas de duas jovens promessas cujo valor desportivo é ainda desconhecido da maioria de nós), as preocupações dos vitorianos parecem mais voltadas para quem pode estar na porta da saída. Porque esses conhecemos nós bem e sabemos o que se perde se deixarem as terras de Afonso Henriques.
Nos últimos tempos, muito se tem falado da situação de Bruno Varela. Sendo totalmente franco, é de realçar que o guardião nunca foi unânime entre os adeptos. Sempre nos habituamos a ouvir os seus fãs incondicionais e os seus detratores, todos estridentes. Vida de futebolista (e sobretudo de guarda-redes) é muito assim: não agradar a todos. E Varela sempre foi disso um perfeito exemplo.
Tentando ser justo, diria que onde estarão todos mais ou menos de acordo é que a última terá sido a menos positiva das suas épocas (em termos individuais). Isso mesmo poderá ter ajudado a adensar alguma dúvida quanto à sua continuidade. Como sempre nestas situações, tudo vai depender de um cruzamento de vontades. A do clube, naturalmente (que poderá ter em mãos propostas pela aquisição do keeper) e a do próprio, que pode, muito naturalmente, sentir que o ciclo vitoriano se fechou. Ou não. A ver vamos, sendo certo que as notícias que dão conta do interesse vitoriano no guarda-redes do Farense poderão lançar uma pequena luz sobre o que aí pode vir. Já o caso de Tiago Silva é bem diferente. Desde logo porque o médio português fez, consensualmente, a sua melhor temporada de sempre. A sua partida, desportivamente falando, seria um rombo de monta na nau vitoriana. Tiago foi, durante jogos a fio, o dínamo que fez funcionar a nossa equipa. A sua esporádica ausência era sentida de forma evidente.
Desportivamente falando, uma saída do jogador não faz, por isso, qualquer sentido. E mesmo do ponto de vista financeiro, atenta a sua idade, não é crível que o Vitória viesse a amealhar grande compensação pela venda. Claro que temos também de ter em conta a vontade do jogador, que pode muito bem entender que esta é a sua última oportunidade de fazer um contrato chorudo. Vendo as coisas de fora, diria que o Vitória deve fazer um esforço (comportável, claro está) para ficar com o criativo. Porque, não havendo insubstituíveis, há uns mais substituíveis do que outros e há coisas que nem algum dinheiro consegue comprar.