Para um selecionador criticado muitas vezes pela cristalização do lote de convocados, a chamada de Ricardo Velho, além de justa, é também uma mensagem
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A chamada de Ricardo Velho à Seleção é uma boa notícia, para ele claro, mas também para os jogadores que atuam em Portugal fora do guarda-chuva dos três grandes. Roberto Martínez quis chamar um guarda-redes com inúmeras provas dadas e confirmadas neste arranque de temporada, mas também passar uma mensagem clara de que o seu campo de recrutamento vai além dos melhores artigos de exportação do futebol português e dos plantéis de Sporting, FC Porto e Benfica, logo ele que tem sido tantas vezes criticado pela cristalização do lote convocados em torno de uma coluna dorsal pouco flexível. Uma opção que faz sentido, desde logo porque os jogadores portugueses a atuar regularmente nos três grandes não são tantos como isso, o que de resto há de refletir-se ao longo dos próximos dias, quando os internacionais forem chamados às respetivas seleções e deixarem Rúben Amorim, Vítor Bruno e Bruno Lage com uma versão reduzida das habituais opções para trabalharem.
Há mais qualidade no futebol português para além daquela que ocupa normalmente os holofotes e é importante que o selecionador dê um sinal claro de que está atento a ela e de que a Seleção não é um clube exclusivo a que apenas têm acesso os incensados nos balneários de Alvalade, da Luz e do Dragão independentemente do rendimento que apresentam. Claro que todos seríamos capazes de apontar uma meia dúzia de nomes que preenchem os mesmos critérios aplicados a Ricardo Velho espalhados pelas equipas da I Liga, mas não faz sentido atirar ruído para cima de uma boa notícia. Que esta seja a primeira de várias chamadas semelhantes à Seleção e que todas dependam exclusivamente do momento de forma que atravessam e do rendimento apresentado, independentemente dos clubes representados ou da posição classificativa que ocupam. Provavelmente, uma Seleção dos melhores há de ser mais competitiva, mesmo internamente, do que uma Seleção dos mesmos de sempre.