Do "mea culpa" ao primeiro jogo pelo Inter em dez meses, médio realizou no sábado a melhor exibição de sempre pelos nerazzurri, marcando um golo e participando em mais três
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Qualidade. Quantas vezes ouvimos dizer sobre determinado jogador que tem qualidade, mas não é capaz de a demonstrar em campo? Muitas, seguramente. É uma daquelas verdades de La Palice que para um futebolista singrar e ter êxito, a tal qualidade ou talento, como lhe quisermos chamar, não basta. Há outros fatores importantes: capacidade de trabalho, de adaptabilidade e integração numa determinada equipa e, não menos importante, inteligência emocional.
João Mário, hoje com 25 anos, nunca teve falta de qualidade e talento. Meia época de empréstimo ao V. Setúbal, em 2013/14, bastou para provar que estava pronto para triunfar no Sporting. Conquistou um lugar no onze dos leões sob o comando de Marco Silva e refinou-se durante a primeira época de Jorge Jesus, após a qual foi peça importante na conquista do Euro'2016.
Ainda iniciou a época seguinte em Alvalade, mas transferiu-se para o Inter em agosto. Pagou este 40 milhões de euros pelo médio que, numa época atípica e num clube em crise - com três treinadores -, foi incapaz de convencer totalmente os adeptos, apesar dos três golos e oito assistências em 33 partidas jogadas. A temporada de 2017/18 correu pior: foi desaparecendo da equipa de Luciano Spalletti (com 14 jogos e cinco assistências) e acabou cedido ao West Ham em janeiro.
O Inter parecia ter desistido de João Mário - revelou disponibilidade para vendê-lo - e o jogador dos nerazzurri - procurou por todos os meios sair e até afirmou que não recomendava o calcio a nenhum jogador português, declaração que muito desagradou ao clube, então interessado em William Carvalho.
João Mário ficou, fez "mea culpa" pelo que tinha dito e recuperou a inteligência emocional
Mas João Mário ficou. Não foi inscrito na Champions, mas fez "mea culpa" pelo que tinha dito e recuperou a inteligência emocional para perceber tinha de trabalhar para voltar a merecer oportunidades. Estas chegaram. Primeiro 57' em campo, como titular, no triunfo 3-0 sobre a Lázio. Um jogo bem conseguido. Sábado, 90' no 5-0 contra o Génova com uma qualidade nunca antes vista em Itália. Participação decisiva (assistências) em três golos e o primeiro tento da época num tiro de fora da área. Um lance que até deixou o dono do Inter, Steven Zhang, a questionar-se sobre quem marcara.
Aplaudido no final, considerado o melhor em campo na generalidade dos jornais italianos, João Mário parece pronto para refletir finalmente nos campos italianos a qualidade e talento que todos lhe reconhecem. Saiba ele não desperdiçar nova oportunidade...