Lateral-direito veloz e talentoso, Pietra, figura do Benfica nos anos 1980, foi um craque sem manias, campeão muito amado na Luz, como jogador e treinador-adjunto.
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Adolescente habituado a olhar para os jogadores de futebol como estrelas intangíveis, longe de imaginar que haveria de testemunhar o contrário como jornalista - há de tudo, como em tudo na vida -, não esquecerei a conversa que mantive com Minervino Pietra, do relvado do Estádio do Mar ao cimo da rampa onde estacionavam os autocarros das equipas. Respondeu-me a todas as perguntas com respeito, depois de um jogo difícil - uma vitória à justa sobre o Salgueiros - e num período delicado de uma boa equipa do Benfica, onde pontificavam Manuel Bento, Álvaro Magalhães, Carlos Manuel, Diamantino e um técnico controverso, Pal Csernai. Tentei vários jogadores, só aquele lateral-direito veloz de cabelo farto teve paciência para aturar o miúdo atrevidote.
Quando o futebolista talentoso e respeitado encerrou a carreira, continuou o percurso na Luz como treinador, campeão adjunto, mantendo os traços que testemunhei naquela tarde quente de 1985. Vinte anos depois, tive a sorte de ser companheiro de trabalho do seu filho, o Hugo, dono da mesma cordialidade desarmante.