A mais estranha forma de avaliar o mercado
O maior facto que sai deste mercado é o reforço de FC Porto e Benfica com a... continuidade de jogadores que se davam certos a sair.
Corpo do artigo
1 - As análises de 1 de Setembro são, em rigor, as primeiras da época. O fecho do mercado de transferências estabiliza o que podemos perspectivar das equipas embora fiquem estilhaços do tanto que se falou e o que se concretizou.
É como a ressaca duma pré-época que, no fundo, já teve quatro jornadas jogadas por outras equipas (no sentido de jogadores disponíveis e estado das suas cabeças) ao ponto de olhar para o campeonato não como 34 jornadas, mas antes de "4+30". Se isto durasse todo o ano, a noção de "equipa" acabava verdadeiramente. Receio isso no futuro, sinceramente.
2 - Observando o futebol dos negócios, vemos como o Sporting soube aproveitar o momento. Financeiramente é uma grande venda dentro da valoração média da classe dos laterais-esquerdos. Futebolisticamente, pode manter rendimento da equipa nessa posição com as soluções que tem.
Além disso, Sarabia, que chega nesse negócio, dá uma solução ofensiva de ataque ou controlo/passe (faixa ou meio) que encaixa na ideia de Amorim (que em vez de querer mudar o jogo através de diferentes formas de o jogar, busca antes fazê-lo através das diferentes formas dos jogadores o jogar).
Enquanto o Braga continua a mover-se com o sucesso intrigante de conseguir (como fosse uma equipa de gama média-baixa) reforçar-se com empréstimos dos grandes (em tese, adversários diretos) com o central Diogo Leite e médio-criativo Chiquinho, o maior facto que sai deste mercado é o reforço de FC Porto e Benfica com a... continuidade de jogadores que se davam certos a sair.
3 - Falharam no objectivo financeiro, mas para Jesus e Conceição, que nestas jornadas quase fizeram de conta que não viam esses elementos, eles podem agora regressar para onde, afinal, nunca saíram. Como isso irá ser feito e com que eficácia/qualidade é a questão.
Corona e Seferovic (como Sérgio Oliveira, que tem visto emergir Bruno Costa) são "reforços" que até agora viveram num limbo existencial no grupo. Pêpê e Yaremchuk foram entrando, mas com o rendimento normal daqueles dois elementos vejo-os, naturalmente, como indiscutíveis no onze base titular.
Nunca considerei o excesso de opções (talento) como um problema. Nem, tendo um treinador sábio experiente, para a gestão do grupo. Vendo o fracasso financeiro de não vender, será estranho fazer esta análise, mas após o fecho do mercado, vejo FC Porto e Benfica como os grandes vencedores porque ficaram claramente mais fortes.
Penso, quase como um "analista ET", apenas em futebol. Jogo e jogadores a jogar (não em milhões com pernas). Desculpem. Eu sei que é estranho analisar desta forma nos tempos que correm, mas a minha relação com a nostalgia mudou.