HÁ BOLA EM MARTE - Opinião de Gil Nunes
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Vai lá à seleção que bem mereces, mas não te esqueças dos trabalhos de casa. Lembra-te que diante do Antuérpia bem que precisamos de ti para dar a volta à situação. E três pontos são três pontos em qualquer parte da Europa. Mais do que ter apenas um central para Barcelona, Sérgio Conceição toca no essencial: concentração máxima e, sobretudo, aquela atenção ao detalhe que faz com que as vitórias se consolidem. E aquele invisível voto de confiança em João Mário, que da formação se fez internacional à custa de muito trabalho de adaptação. Largos dias de Conceição.
Porque é aquele minuto a mais de sono que faz com que o dia se torne alvoraçado. Mensagem para um e para todos. Ou então perceber-se que, em defesa que ataca e gera problemas, as debilidades acabam por ser “mucha ilusión”. Já diz o espanhol. Que entra na peça mas, se calhar, até só foi usado como figurante.
Rúben Dias: novos terrenos
Mudam os selecionadores, mas o estatuto de Rúben Dias mantém-se intocável. E até dá para se puxar pela parte ofensiva: frente à Islândia, sem medo, foi vê-lo pela direita, perto da área contrária, a construir com critério. Se a seleção se desdobra em diferentes desenhos ofensivos, tal também só acontece porque se entende que os defesas são fiáveis. Num apuramento de Portugal marcado por apenas dois golos sofridos, o papel dos centrais foi fulcral.
Francisco conceição à Hulk
Dois grandes golos acontecem, mas o importante é que aconteceram num espaço de duas semanas. Eis a questão. O golo apontado à Grécia pelos sub-21 é comprovativo de um grande período de confiança e um atestado de regularidade que promete ter seguimento nos próximos tempos. Numa seleção de sub-21 muito exposta à transição adversária e com dificuldade para controlar os ritmos, o desempenho individual de Francisco foi ponto positivo.
Danny Namaso: laboratório
Diante do Montalegre, esteve em todos os golos: marcou o primeiro depois de ter sido ele próprio a recuperar a bola em zona alta; a mesma receita para o segundo golo e um recuo estratégico para dar espaço a Galeno no lance seguinte; e, por último, preciosa variação de flanco para o tento de Fran Navarro. Se instinto goleador não lhe falta, Namaso pode ser um caso muito sério se continuar a consolidar novos atributos coletivos.
Coates: merecido
Está a um jogo de igualar Anderson Polga como estrangeiro com mais partidas pelo Sporting, mas com uma diferença: Coates foi campeão. Apesar de ser defesa, há três épocas a sua capacidade ofensiva (leia-se golos) foi determinante para os leões conquistarem o título. Torna-se símbolo e a distinção é plena e justa.