VISTO DE ITÁLIA - A opinião de Cláudia Garcia, aos domingos n'O JOGO.
A época 2020/2021 é, sem dúvida, a pior dos últimos dez anos da Juventus. Para encontrarmos uma temporada pior do que esta, temos de recuar no até 2010/2011.
O inexperiente Pirlo teve a missão de gerir o clube neste período de transição, sem a força do público
Nesse ano, os bianconeri terminaram em sétimo lugar o campeonato e o Milan venceu o scudetto. No ano seguinte, com a contratação de Antonio Conte e a inauguração do novo estádio, a Juve abriu um ciclo glorioso que dura há quase 10 anos. Usou o seu estádio como escudo, a sua defesa (Buffon, Chiellini, Bonucci e Barzagli) como pilar, e, no ataque, foi rodando os homens, mas os golos nunca faltaram: primeiro Vucinic e Matri, depois Tevez e Morata. Seguiram-se Dybala e Higuain e agora CR7 com Chiesa e Kulusevski, os dois jovens heróis da final da Taça de Itália que serão o ponto de partida para o novo ciclo bianconero.
O ciclo dos nove scudetti consecutivos e das duas finais de Champions alcançadas está praticamente terminado, sobre isso não restam dúvidas. Esta foi uma época muito difícil para a Juve que perdeu o scudetto para o histórico rival Inter, foi eliminada pelo FC Porto nos oitavos de final da Liga dos Campeões e encontra-se agora a lutar pelo acesso à Liga dos Campeões na última jornada de campeonato, mas ainda depende de terceiros para lá chegar. O inexperiente Pirlo teve a missão de gerir o clube neste período de transição, sem a força do público, mas tudo somado não foi um desastre.
Mesmo na pior época dos últimos dez anos, Pirlo conseguiu vencer dois troféus: Supertaça e Taça de Itália. A sua permanência parecia praticamente descartada, mas com dois "tituli" (como dizia Mourinho) e o acesso à Liga dos Campeões carimbado na última jornada, Pirlo terminaria em grande uma época duríssima.
O ex-jogador demonstrou sabedoria para gerir a equipa em tempos de crise e, em parte, foi capaz de mostrar algumas ideias de jogo interessantes. Principalmente, Pirlo conseguiu já colocar em campo um esboço da Juventus pós-Ronaldo. Os dirigentes da Juve sabem que não se pode mudar de treinador todos os anos, e, nos períodos de transição, serve paciência e sabedoria, porque nem tudo corre bem, mas nem tudo é para deitar ao lixo.
