FORA DA CAIXA - A opinião de Joel Neto.
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PLANO CONSERVADOR: Saibam ponderar o resto
Muito claramente: mesmo que não pudesse ser de outro modo, os apoios para a reactivação da actividade desportiva, tanto quanto para a normalização do trabalho das federações e dos clubes, são insuficientes.
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E, mesmo que fizesse sentido ponderá-lo, o plano de desconfinamento para o desporto, tanto quanto para a sociedade em geral, é (para evitar as hipérboles) conservador.
Portanto, mesmo que volte a haver essa tentação, é importante que o Governo se lembre de que, apesar de noutros países o desporto ter constituído um importante veículo para a disseminação da covid-19 na primeira fase da pandemia, não há registo de que, em Portugal, tenha contribuído para o agravamento da situação sanitária. Pelo contrário, o desporto português portou-se bem desde o início. Mais: comparados com o silêncio de São Bento, os seus protestos foram bastante contidos.
Pois, agora, o mínimo que se pode esperar é que toda essa responsabilidade mereça pelo menos o benefício da dúvida. Isto é: que o público possa de facto regressar aos recintos desportivos a 19 de Abril, com a devida autorização da Direcção-Geral de Saúde, e depois aumentar progressivamente o grau de lotação daqueles. E, já agora, que os desportistas e os praticantes de actividade física, seja ela qual for, sejam autorizados a retomar cada uma das suas rotinas em todas as primeiras datas ponderáveis.
A generalidade do desporto, como a generalidade da cultura, ficou a perder nos jogos de critérios em vários momentos ao longo deste tenebroso advento. Compensar essa assimetria exigiria cálculos e custos para os quais o país não está preparado. Mas podemos neutralizá-la. Lembrando-nos de que o desporto engrandece mais Portugal do que a média das restantes nossas representações colectivas. E de que só com actividade física os portugueses conseguirão recuperar os anos de vida que aqui perderam.
