"A frontalidade, algo edificante, raramente integra bagagem de quem arbitra"
APITADELAS - O cronista Jorge Coroado escreve, em O JOGO, sobre "o princípio indelével do rigor no cumprimento da função" do árbiro.
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Quando relativamente à arbitragem é referido rigor como princípio indelével no cumprimento da função, muitos entendem como apelo a extremos como: inflexibilidade; severidade e intransigência. Sendo certo que tais princípios são exigíveis, eles não se afirmam como paradigma do rigor apelado, porquanto revelam incapacidade de compreensão, ausência de maleabilidade perante factos distintos merecedores de apreciações e decisões por vezes opostas.
Exigir rigor no desempenho das funções de árbitro é apelar ao conhecimento absoluto das regras, capacidade de análise, interpretação, compreensão e decisão. Ser-se capaz de olhar para todos e para cada um com mesma responsabilidade e nível de exigência. Ter capacidade de abstração ao meio envolvente, ser capaz de cumprir e fazer cumprir, saber e perceber aqueles com os quais não se concorda, nunca regatear esforços na busca das soluções certas.
Não basta decorar as 17 Leis do Jogo para serem papagueadas em exames. Elas, as Leis, são simples, mas na prática há um mundo infinito de situações que só se superam mercê da experiência que se vai adquirindo e dum estudo constante. Há que manter ao longo dos anos o fogo aceso do desejo de saber cada vez mais e melhor. De igual modo, a frontalidade, algo edificante, raramente integra bagagem de quem arbitra, até mesmo de muitos que analisam e opinam e que convenientemente olvidam o Rigor!
Visões canhestras!
A popularidade de um desporto quase sempre se faz em prejuízo do seu conhecimento profundo e do seu estudo aturado. As regras do jogo funcionam desde há mais de um século como uma espécie de rochedo de bronze, inamovível na sua excelsitude e grandeza, impondo-se à universalização do mais empolgante dos desportos, porém, visões canhestras, interesseiras ou ignorantes, desvirtuam-nas!
Acuidade visual
Ao árbitro, mais que ter decorado as 17 Leis do Jogo, exige-se concentração, segurança, determinação, capacidade de adaptação da norma à evolução dos comportamentos humanos, sabendo que a multiplicidade dos casos concretos pode caber na singeleza de uma previsão geral e abstrata e, sobretudo, algo que a muitos falta e se perpetua em alguns que emitem parecer: Acuidade visual!