A 16.ª edição da Festa do Basquetebol Juvenil chega este domingo ao fim e já cá não estarei para ver o encerramento deste ponto alto da modalidade para escalões de sub-14 e sub-16 de ambos os sexos.
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Vim no Comboio da Festa, quarta-feira, que partiu do Porto e finalizou a viagem em Albufeira, cidade que recebe a prova há 11 anos consecutivos, menos na covid-19, em 2020 e 2021. Apesar da minha área de acesso ter estado “reduzida” a três carruagens – Santarém, onde eu ia, Leiria na de trás e Coimbra à frente –, desde logo essa foi uma experiência magnífica: o ambiente entre atletas, treinadores, fisioterapeutas, dirigentes, as brincadeiras, os jogos, de cartas, alguns com mini bolas de basquetebol a fazer uma espécie de voleibol, a música que tocava – na carruagem de Santarém, numa coluna de miúdos, sublinhe-se, ouviu-se, e cantou-se, Rui Veloso e Xutos e Pontapés –, até os sonos que se dormiram nas mais estranhas posições. Mas todos, abertos ou fechados, com os olhos cheios de sonhos.
Cerca de oito horas depois, o comboio chegou à cidade algarvia e centenas de pessoas dirigiram-se para dezenas de autocarros, cada dois para uma delegação – são 18 associações distritais. Havia apenas tempo para chegar aos hotéis, pousar as malas, e voltar ao autocarro para seguir em direção a um ponto de encontro, no Largo Eng. Duarte Pacheco, onde as comitivas perfilaram, sendo chamadas, uma a uma, para se dirigirem, a pé, num desfile enorme, aberto para uma pequena fanfarra por entre uma multidão de turistas até à Praça dos Pescadores, onde se faz a tradicional receção das comitivas. Visto do palco, eram um mar de gente feliz.
Do discurso do presidente da Federação Portuguesa de Basquetebol, Manuel Fernandes, retive uma curta frase: “Façam amigos”. Palavras de quem sabe o que diz, como soube o que fez, em 2007, quando, então na condição de Diretor Técnico Nacional da direção de Mário Saldanha, sonhou e concretizou este projeto.
O resto, bom, o resto são 864 jovens a jogar basquetebol, divididos por sete pavilhões. São pais e outros familiares a apoiar fervorosamente, tudo num clima de sã convivência. Agora, vem-me à cabeça outra frase de Manuel Fernandes, dita na referida cerimónia de abertura – “Faço uma saudação especial aos pais que estão aqui a apoiar os filhos. Esta festa é deles e para eles”, enalteceu. Mas isto são, também, as meninas a ver os jogos dos rapazes e estes a ver os das raparigas... são as animadas refeições em cantinas escolares, são os diversos jogos ligados à modalidade na parte exterior do Municipal de Albufeira, são os contactos entre distritos que se fazem. São os sonhos.
Sim, os sonhos. Alguns já realizados: Neemias Queta, o primeiro português a chegar à NBA, participou, por Setúbal, em 2013 e 2015. Querem melhor exemplo? Miguel Queiroz (FC Porto), Tomás Barroso (ex-Benfica e padrinho desta 16.º edição), Diogo Ventura e André Cruz (Sporting), Rúben Prey (Badalona, Espanha), Rafael Lisboa (Cantábria, Espanha), Diogo Brito (Lleida, Espanha) são todos atletas de Seleção Nacional e que passaram por Portimão/Albufeira, as duas sedes da Festa, a primeira nos cinco anos iniciais, a segunda de 2012 em diante.
Mas, aqui, são sonhos por concretizar, como o da Joana Bernardes, uma base de Santarém, de 15 anos, que quer ser profissional e, como portista, adorava poder jogar pelos azuis e brancos, desejando a abertura do feminino no basket dos dragões.
Joana poderá colocar os olhos em Inês Vieira, uma madeirense de 21 anos, que joga nos Estados Unidos, em Utah Utes, e que também passou pela Festa.
Para colocar o evento de pé há toda a uma logística que envolve mais de 50 pessoas. Nuno Manaia, Diretor Técnico Nacional, é o diretor da Festa, Cátia Mota, diretora de marketing, comunicação e eventos, é coordenadora da Festa. No nome deles, os parabéns a todos, à Cátia, um muito obrigado por ter insistido na vinda de O JOGO até Albufeira. Este domingo estarei a caminho do Porto, mas dentro de um ano, se possível, voltarei ao comboio e a este grande exemplo do que é a promoção do desporto de formação.
Quem ganhou, amanhã se saberá, mas é pouco relevante quando comparado com o entusiasmo de mais de 850 atletas ao longo destes dias.